sábado, 8 de março de 2014

Professor Bessa: A MORTE DO BAILARINO --- O Editor-Assaz-Atroz-Chefe vai receber herança milionária

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A MORTE DO BAILARINO


Mais de 100 bailarinos do Nordeste participaram da abertura, em praça pública, do 3° Mossoró Mostra Dança, ocorrido na última semana de abril de 2013. É provável que nessa ocasião, o menino Alex, de 8 anos, que morava em Mossoró (RN) com a mãe, Digna Medeiros, tenha se encantado com a dança oriental apresentada pela bailarina Nuriel. O certo é que quando ele desembarcou, dias depois, no Rio, para onde se mudou, já estava completamente enfeitiçado pela dança do ventre, o que iria originar uma tragédia familiar.
No casebre suburbano da Vila Kennedy, onde foi morar com o pai, a madrasta e outras cinco crianças, Alex costumava ensaiar passos da dança, se contorcendo em movimentos corporais com sinuosidades de serpente. O pai, Alex André, desempregado, ex-presidiário condenado por tráfico de drogas, virava uma fera. Ele não admitia que o filho, herdeiro de seu nome, se comportasse "como uma mulherzinha". Quando descobriu que, além disso, o menino gostava de lavar louça e andava com o cabelo comprido, passou a surrá-lo quase diariamente para ele "aprender a andar como homem".
O menino, bailarino nato, tinha o physique du rôle. Era franzino, esguio e descarnado. Apesar da repressão paterna, continuou a "pisar no chão com a ponta do pé" e a "tocar o céu com a palma da mão", como a bailarina da dupla musical Palavra Cantada. Os coleguinhas da Escola Municipal Coronel José Gomes Moreira, em Bangu, dizem que aquele magricelinha, com o corpo de mola e amor pela dança, era calmo, não brigava com ninguém. A professora atesta que era afetuoso, dócil e muito inteligente, como demonstram suas notas nos três bimestres: 88, 100 e 90. 
Surras homéricas
No meio do caminho, no entanto, havia uma pedra. O pai Alex André, em janeiro, não conseguindo dobrar o filho, foi à Escola Municipal e pediu que lhe fosse entregue a documentação escolar para uma transferência, alegando um retorno a Mossoró. Era mentira. A escola foi trocada pelo cárcere privado, como suspeita um dos conselheiros tutelares de Bangu. O bailarinozinho ficou preso em casa, onde continuou submetido a frequentes sessões de espancamento, surrado pelo próprio pai que devia protegê-lo. Os "corretivos", insiste o pai, pretendiam ensinar o filho a "ser homem".
No 17 de fevereiro, ocorreu a última sessão de espancamento. Obcecado, o pai queria obrigar o bailarinozinho a cortar o cabelo. Diante da resistência, começou a porrada, tão forte desta vez, que dilacerou o fígado da criança. Ele teve uma hemorragia interna. A madrasta, que o socorreu, levou-o para o posto de saúde da Vila Kennedy. "Estava com os olhos grandes, de cílios longos, entreabertos. Mas não havia mais o que fazer. Estava morto" - conta a repórter Maria Elisa Alves, do Globo, num relato publicado nesta quarta-feira de cinzas, quando só então o fato foi divulgado:
O corpo de Alex, coberto de hematomas, era um mapa dos horrores que ele vinha passando. O laudo do Instituto Médico Legal descreve em muitas linhas todo o sofrimento: a criança tinha escoriações nos joelhos, cotovelos, perto do ouvido esquerdo, no tórax, na região cervical; apresentava também equimoses na face, no tórax, no supercílio direito, no deltoide, punho esquerdo, braço e antebraços direitos, além de edemas no punho direito e na coxa direita. A legista Áurea Torres também atestou que o corpo magricelo apresentava sinais de desnutrição
A cena do menino no caixão branco, de blusinha listrada, foi tão forte - conta Elisa - que levou pessoas de quatro velórios que eram realizados ao lado a sair de suas capelas para abraçar a mãe.
Fipilhopó daputapa
Preso, o pai confessou à polícia que ficava enfurecido porque o bailarinozinho apanhava sem chorar, evidenciando que a lição "não estava sendo suficiente e que, por isso, batia mais e mais”. Uma sobrinha do assassino, ouvida por Elisa, confirma que ele era homofóbico, "cismado com essa coisa de homossexual" e rejeitava também outro filho, mais velho, por achar que não era suficientemente macho.
Muitos pais ficariam exultantes e orgulhosos se tivessem um filho com a doçura, a sensibilidade e o dom do bailarinozinho. Um preconceito infame, porém, levou um energúmeno a se sentir infeliz e a acabar com a vida de uma criança indefesa, causando mais infelicidade para ele próprio e para os que o cercam. Nem o presidente da Uganda foi tão longe, quando barbarizou, sancionando lei que pune os gays com prisão perpétua. Alex André puniu com a pena de morte quem sequer, com oito aninhos, ainda não havia afirmado o direito à sua sexualidade.
Se Alex André não nasceu com a cabeça cheia de preconceito, a pergunta que se impõe é: quem foi que colocou tanta merda lá dentro?
Em entrevista há pouco mais de três anos, o deputado Jair Bolsonaro aconselhou, neste caso, os pais a surrarem seus filhos: “O filho começa a ficar assim meio gayzinho leva um couro, ele muda o comportamento dele. Tem muita gente que diz: ainda bem que eu levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem”. Para ele, homossexualismo é uma doença que só se cura com porrada. Ninguém sabe se Bolsonaro apanhou muito, se fala por experiência própria, se espancou algum de seus quatro filhos homens. Mas ele conseguiu vender seu peixe para muitos incautos.
O resultado está aí: uma vida brutalmente ceifada e outras vidas destruídas. Quem vai agora ensinar o fipilhopó daputapa do ex-presidiario, ele sim, a "andar como homem", a resgatar sua humanidade?
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José Ribamar Bessa Freire: Doutor em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2003). É professor da Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-Rio), onde orienta pesquisas de mestrado e doutorado, e professor da UERJ, onde coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Faculdade de Educação. Ministra cursos de formação de professores indígenas em diferentes regiões do Brasil, assessorando a produção de material didático. Assina coluna no Diário do Amazonas  e mantém o blog Taqui Pra Ti . Colabora com esta nossa Agência Assaz 
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FDP, “Justiça delivery”

08.03.2014
FDP, “Justiça delivery”. 19936.jpeg
O julgamento da Ação Penal 470, o mensalão petista, além da aplicação da tese "domínio do fato", inaugurou, na mídia, a prática do "Fato para Domínio Público" (FDP).
Fernando Soares Campos
A coisa consiste na seguinte armação: os barões do café-soçaite midiático e seus tentáculos (instituições e indivíduos a serviço do golpe de estado) produzem uma notícia sobre fato que revele eficiente diligência policial ou exemplo de austeridade de órgãos públicos, alguma ação cujo desfecho possa satisfazer os anseios dos leitores e telespectadores, provocando-lhes efeitos catárticos ou gerando expectativa de justiçamento, preferencialmente sob princípios draconianos, Lei de Talião: olho por olho, dente por dente.
Os marqueteiros que fazem a vez de redatores e editores dos conglomerados midiáticos agigantam e espetacularizam um fato corriqueiro qualquer, cujo "final feliz" será a condenação de personagens tipo boi-de-piranha ou bode expiatório.

Estaria aí plantado o FDP (essa prática também pode ser chamada de "justiça delivery", justiçamento produzido para pronta entrega).

Em seguida, empreendem campanha em favor da aplicação da mesma medida, com todo o rigor possível, contra os petistas condenados no julgamento do mensalão.

Analisemos alguns dos mais recentes maus exemplos.
(Para ler completo, clique no título)
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De Patrick Konan, Cote d’Ivoire (Costa do Marfim), para o nosso Editor-Assaz-Atroz-Chefe (texto original em inglês, translado feito por tradutor online):

de: Patrick Konan mrpatrick49konan@hotmail.fr
para: "fernando.56.campos@gmail.com"
data: 28 de fevereiro de 2014 07:29
assunto: Hello Fernando,

Olá Fernando,
Como você está?

Meu nome é Patrick Konan, oficial de tesouraria diretor de um dos bancos de primeira linha em Cote d' Ivoire. Eu decidi entrar em contato com você através deste meio com base em uma proposta de negócio, que será de benefício mútuo para ambos. Descobri seu e-mail através de pesquisa e-mail web abrangente sobre diretório , então eu decidi entrar em contato com você. Eu sei que isto pode soar como farsa para você por causa de uma série de atividades acontecendo na internet hoje. Mas garanto-vos que este é real.

Eu sou o gerente de contas pessoais para um de nosso cliente final, um nacional de seu país, que costumava trabalhar com uma empresa de manutenção de óleo aqui na Costa do Marfim, o falecido cliente fez um tempo numeradas (fixo) depositado por doze meses do calendário, no valor de $ 16,500,000.00 (dezesseis milhões e quinhentos mil Europeu Euro) no meu ramo. No vencimento, enviamos uma notificação de rotina para o seu endereço de encaminhamento, mas não obteve resposta.

Depois de um mês, enviamos um lembrete e finalmente descobrimos a partir de seus empregadores contrato, PETRO-CI Corporação que meu cliente morreu de um acidente automobilístico. Em uma investigação mais aprofundada, eu descobri que ele não deixou um testamento e todas as tentativas de localizar seus familiares foram infrutíferos. Por isso, fez uma investigação mais aprofundada e descobri que a pessoa falecida não declararam qualquer parente mais próximo em todos os seus documentos oficiais, incluindo o seu depósito papelada banco.

Esta soma de ( R $ 16,500,000.00 ) ainda está sentado no banco e os juros é rolado com a soma principal ao final de cada ano. Ninguém vai se apresentar para reivindicá-lo. De acordo com a lei da Cote d' Ivoire, no termo de 8 { oito } anos , o dinheiro irá reverter para l a posse do governo da Costa do Marfim se ninguém acerte os fundos.

Consequentemente, a minha proposta é que eu gosto de você como um estrangeiro para ficar como o parente mais próximo a pessoa falecida para o fato de que você tem mesmo sobrenome que ele para que esse dinheiro não vai ser revertida pelo governo. Se este pedido corresponde com a sua intenção para dentro para o sucesso e grandeza, então você está convidado a dar uma resposta rápida, indicando o seu interesse e disponibilidade para participar e trabalhar comigo para tornar este sucesso.

Observe máxima confidencialidade, e ter a certeza de que essa transação seria mais rentável para nós dois, porque eu exigirá a sua ajuda para investir a minha parte no seu país. Em seu e-mail de retorno, por favor, para a frente a sua informação, conforme listado abaixo, se você estiver disposto a completar este acordo comigo, para permitir-me colocar total do fundo em seu nome para a reivindicação como o parente mais próximo do falecido.

Aguardo sua resposta urgente.
Saudações,


Sr. Patrick Konan

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Resposta:

Caro Patrick Konan, Deus esteja convosco!

Você me pergunta como estou, e eu não vou lhe dizer como estava, pois não quero lhe provocar sentimento de piedade, mas quero que saiba como fiquei ao término da leitura de sua abençoada mensagem.

Inicialmente fui tomado de súbito atordoamento, que logo se desfez dando lugar à mais radiante euforia! Fiquei exultante! Deslumbrado! Embriagado de felicidade, de tal forma que hoje não chutei Sparring, meu cachorro expiatório. Até dei bom dia à minha mulher, que estranhou minha repentina mudança de humor. Não ralhei com meus filhos e não reclamei da irritante música gospel no apartamento vizinho. Atendi ao telefone e não fui grosseiro com a moça do telemarketing.

Recolhi todas as armas que mantinha bem guardadas e as usava eventualmente para algum ganho extra. Joguei tudo na lixeira, tomando antes o cuidado de inutilizá-las.

Acabei de preparar a mochila para uma rápida viagem: vou a Aparecida, cidade do interior do Estado de São Paulo, onde se localiza a segunda maior basílica católica do mundo, templo de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Vou pagar uma promessa que fiz à nossa santa protetora.

Sei que você deve estar surpreso com essa história de promessa, portanto sinto o dever de lhe explicar porque a fiz e porque tenho pressa em cumpri-la.

Mr. Konan, não sei se você acredita em coincidência, acaso ou milagre, mas, em função do que vou lhe contar, verá que fui atendido pela mais alta corte celestial.

Recentemente prometi à nossa Divina Padroeira que, se eu tivesse notícias de um tio meu que parou de se comunicar comigo há pouco tempo, eu percorreria de joelhos toda a passarela que liga a basílica à cidade de Aparecida.

Isso! É exatamente isso que acredito que você imaginou: esse investidor de quem você fala, não tenho dúvida, é o tio Onlyairs Fields (forma carinhosa como eu o tratava).

O tio Onlyairs foi para São Paulo no final dos anos 1950, entretanto só restabeleci contato com ele a partir de 1995, quando ele me localizou aqui onde até hoje resido e informou que fora nomeado assessor especial do governo Mário Covas, cargo de confiança, responsável pela elaboração e avaliação de propostas de concorrência pública para contratos de grande vulto, funções que também exerceu durante todo o governo José Serra e até meados do segundo governo de Geraldo Alckmin.

Portanto, Mr. Konan, não se trata de “assumir” um parentesco, uma forma fraudulenta de se tornar herdeiro de um investidor falecido que não declarou “parente próximo” na documentação de registro da conta em seu banco. Trata-se do meu mais querido parente consanguíneo.

Quanto ao testamento, já estou providenciando o reconhecimento de firma das cartas do tio Onlyairs em que ele me diz que estava fazendo depósitos no estrangeiro com o propósito de garantir o futuro de seus sobrinhos em segundo grau, ou seja, os meus filhos. Isso equivale, segundo advogado que consultei, a um verdadeiro testamento.

Mas não se preocupe, pois, apesar de eu não precisar rachar a fortuna com você, não vou lhe negar uma justa e considerável comissão, principalmente se você encontrar um meio de dispensar a via judicial e, por ato administrativo, depositar imediatamente tudo em minha conta, cuja identificação completa segue em mensagem através de canal encriptado.

Abraços

Fernando

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Nosso Editor-Assaz-Atroz-Chefe comemora o brilho de sua estrela gastando por conta da fortuna que receberá em breve...

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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