sábado, 1 de fevereiro de 2014

Haddad diz que Prefeitura de São Paulo tava assim de corrupto! --- Helena era chaga da Secom --- Quem mandou mexer com os blogs, sujo?! --- Lula e a responsabilidade nossa de cada clique --- Ex-presidente protesta contra congelamento de conta bancária de seu colega --- No Blog da redecastorphoto: "Incrível Heloísa"

.


Ao “10 Perguntas”, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, diz que “a máquina pública [da capital paulistana] estava tomada por esquemas de corrupção”
_______________________________________________________________________________


Helena Chagas era a Secom “foca”


HELENA CHAGAS: BYE!  BYE!

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

Helena Chagas, à frente da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, comportou-se como uma jornalista “foca” — a Secom “foca”. Não por ser profissionalmente uma “foca”, como são chamados os jornalistas em início de carreira, mas, sobretudo, por parecer uma “foca” de apresentação circense, a bater palmas enquanto o circo pega fogo e ela se omite e se afasta do processo de embate, a tocar lira e a não responder à altura aos ataques sistemáticos ao Governo trabalhista nos três anos que chefiou a Secom.

A Secretaria é um órgão estratégico para qualquer governo e sempre deveria ser ocupada por quem tem discernimento para perceber os acontecimentos políticos e, principalmente, coragem para enfrentar uma imprensa de negócios privados e controlada por meia dúzia de famílias bilionárias e extremamente conservadoras, que tratam, arbitrariamente, o Brasil de 200 milhões de habitantes e que é a sexta economia do mundo em grandeza como os quintais das casas delas.

Há muito tempo a atuação da jornalista Helena Chagas é questionada pelo PT, por seus políticos eleitos e também pelos seus militantes. Nunca, em momento algum, a Secom tratou como rotina a ser cumprida o fato de mostrar as realizações do Governo trabalhista, bem como rebater, sem demora e com firmeza, as acusações e denúncias contra o Governo do qual Helena Chagas participou.

Diga-se de passagem, acusações e denúncias muitas vezes infundadas, além de notícias repercutidas em off e declarações da oposição de direita, que, invariavelmente, considera quaisquer questões ou problemas a serem resolvidos em um “Deus nos acuda”, cujo propósito é desgastar a imagem do Governo, da presidenta Dilma Rousseff, do PT e, consequentemente, sabotar os programas sociais, alguns tidos como referências em âmbito internacional, porque o que vale para a imprensa familiar e alienígena é a luta política, que vai ter seu ápice em outubro deste ano quando o povo brasileiro vai às urnas escolher o político que vai sentar na cadeira da Presidência da República.

Helena Chagas não é uma profissional fraca ou incompetente. Contudo, não é talhada para ocupar um cargo e exercer uma função que requer, antes de tudo, descompromisso com a mídia corporativa, de mercado, que, inquestionavelmente, quer pautar e pauta autoridades da República, a começar por alguns juízes do STF e TJ, promotores do MPF, parlamentares do Senado e da Câmara e até mesmo políticos que ocupam cargos no Executivo e que, por conveniência, cumplicidade e medo, fazem o jogo dos magnatas bilionários de imprensa, que lutam, sem dar trégua, para que a direita brasileira retorne ao poder federal.

A ministra Helena Chagas se conduziu, a meu ver, de maneira pusilânime e acanhada, no que diz respeito à sua atuação como chefe de Comunicação Social do Governo trabalhista. E mais do que isto: jamais defendeu o Governo como deveria fazê-lo, ou seja, rebater e responder a qualquer acusação e denúncia feita pela oposição liderada pelo PSDB, pelo Ministério Público Federal e principalmente pela imprensa empresarial, que no passado apoiou não somente um golpe de estado, bem como foi aliada constante dos cinco presidentes generais que governaram, ilegalmente, este País em um longo período de 21 anos.

Acontece que Helena Chagas é “filha” da imprensa dos barões, particularmente o jornal O Globo e sempre teve, o que não é um pecado, boas relações com o sistema midiático hegemônico e que há mais de dez anos atua e age como um verdadeiro partido político, defensor dos interesses da Casa Grande, das grandes corporações privadas estrangeiras e de governos dos países considerados desenvolvidos, notadamente os Estados Unidos.

A jornalista Helena Chagas compôs com o sistema midiático empresarial e nunca o enfrentou quando era necessário. Ponto! Afinal, ela pertence a um governo cuja comunicação social não consegue ampliar suas realizações para repercuti-las em todo o Brasil. Simplesmente a maioria da sociedade que elege os mandatários trabalhistas, a exemplo de Lula e Dilma, não tem acesso à informação, no que concerne saber e compreender o que está a ser realizado no Brasil em termos de obras em geral e infraestrutura, em particular, além de os inúmeros programas sociais, que são um sucesso, serem desconstruídos pela mídia de caráter golpista, que, incessantemente, luta para que o Brasil não seja independente e que seu povo não conquista a emancipação.

Nunca compreendi o porquê de o PT e de muitos de seus líderes terem a necessidade de flertar com a direita ou com gente pertencente ao sistema, ao establishment, como é o caso de Helena Chagas e de muitos outros que se aproximaram dos trabalhistas e dos socialistas, mas que, no fundo, apenas queriam poder e fama ou talvez apenas ocupar cargos ou dar opiniões para sanarem os vazios de seus orgulhos e vaidades.

Eu defendo o PT, porque acredito em seu programa de Governo e projeto de País. Ponto! Não que o PT não cometa erros, equívocos e que até mesmo alguns de seus membros tenham cedido à tentativa de fazer malfeitos. A questão não é esta. O que me chama a atenção é que o PT ainda cede ao status quo e se envolve com pessoas que não estão dispostas a defender o programa apresentado pelos petistas ao grande e nobre povo brasileiro, a nossa verdadeira elite, porque chique e trabalhador e livre de ter a alma colonizada e com complexo de vira-lata, como acontece com os ricos e a classe média tradicional deste País.

Helena Chagas tão somente se omitiu e atuou como “dama” de companhia da presidenta Dilma Rousseff e não como uma assessora que está no cargo para defender o Governo. Não brigou, não lutou, não respondeu à altura, não divulgou as incontáveis obras e os programas sociais e, sobretudo, não rebateu, de pronto, as acusações — as injustas, e muito menos se dispôs responder, com determinação e firmeza, as muitas denúncias vazias da imprensa golpista, no que concerne a acusar autoridades de cometerem crimes e, depois de algum tempo, ficar comprovado que tal acusado não cometeu delitos, porém, teve sua imagem manchada e sem direito a dar uma resposta contundente através da mídia de seus detratores. Isto aconteceu e esses fatos são inquestionáveis, pois verdadeiros.

Pelo contrário, quando alguém do Governo trabalhista ou setores importantes da sociedade civil falavam em criar uma nova Lei para os Meios de Comunicação, como aconteceu na Argentina, além de existir nos Estados Unidos e na Inglaterra, Helena Chagas sempre fez ouvidos moucos, porque compromissada com o sistema midiático privado, já que foi funcionária com cargo de chefia nas Organizações(?) Globo, bem como em outras empresas as quais ela sempre tratou com pão de ló e com uma paciência que até o Jó, personagem bíblico, a perderia.

A verdade é que a jornalista Helena Chagas não fez o que deveria fazer. Entretanto, a culpa por isto ter acontecido é mais da presidenta Dilma Rousseff do que propriamente da chefe da Secom, que afirmou que vai deixar o cargo em março. Espera-se que o novo titular da Pasta seja um profissional que defenda o Governo trabalhista com rapidez e mostre o Brasil que a imprensa elitista se recusa a mostrar. Para isto, tem de mostrar coragem. Já era tempo e hora de haver mudanças.

Aproximam-se as eleições, que vão ser muito duras e vão mobilizar a direita como ela nunca se mobilizou antes. Os conservadores estão fora do poder há 12 anos e só em pensar em perder de novo outra eleição para os trabalhistas sentem calafrios e o desespero toma conta de suas esperanças de voltar no tempo e, consequentemente, edificar um País do sonho de nossas “elites” herdeiras da escravidão e proprietárias das casas grandes, que é o de desconstruir o que foi feito e, por sua vez, construir um Brasil VIP, portanto, para poucos e a ter como vocação o retrocesso. É isso aí.


(re)Leia também...

Segunda-feira, 17 de junho de 2013
CPI DA IMPRENSA
Os desafetos de Getúlio Vargas, na sua volta ao poder, vencendo as eleições presidenciais de 1950, tendo a UDN como principal porta-voz, instauram uma "CPI da Imprensa" para investigar o apoio incondicional dado pela ULTIMA HORA ao presidente, desde o seu primeiro número. A reação dos aliados de Getúlio no Congresso, estende a "CPI" aos outros jornais, deflagrando uma onda de denúncias e investigações na imprensa brasileira.

Na coluna Governo financia a direita, reproduzida amplamente pela miserável mídia de esquerda e por seus blogs, que funcionam gratuitamente, levantava a questão do porquê do governo Dilma se negar a dar, pelo menos, um pouco de soro, à mídia alternativa de esquerda, já que Brasil de Fato, Caros Amigos (ainda existe?) e Correio do Brasil são praticamente ignorados pelo governo, na distribuição das verbas de publicidade a pretexto de terem poucos leitores... Ora, têm pouco leitores justamente porque não dispõem de condições para competir com Folha, Globo, Estadão.

A responsável por essa partilha de publicidade, favorecendo sempre a mídia de direita contra a mídia nanica de esquerda, é Helena Chagas [AA: Lourival Fontes de saia?!], sempre ao lado da presidenta nas excursões ao Exterior. Ela é a prova viva da síndrome.

Não vou transcrever a coluna de setembro do ano passado, mas alguém, com mais tato que eu, deve enfim ter peito para dizer à presidenta que, se isso não mudar, sua reeleição pode ir pro brejo.

O baixinho Getúlio foi extremanente esperto ao financiar Samuel Wainer e sua Última Hora e mesmo assim não conseguir evitar a campanha desfechada contra ele, a pretexto – o tema é sempre o mesmo – de corrupção no governo.

(Para ler completo, clique no título)

_________________________________________


LOJA CAROS AMIGOS

O próximo filme que você vai assistir talvez esteja aqui. Confira!

Carl Gustav Jung - Questão do Coração A Viagem - Tudo está conectado Tancredo - A TravessiaO Povo Brasileiro Vinicius * O Filme * EDIÇAO DEFINITIVA Apocalypse Now Bastardos Inglórios 7 Dias em HavanaNO. Adeus Sr Pinochet Antonio Gramsci. Os Dias do Cárcere Amistad MILK. A voz da Igualdade Olga A Queda - As Últimas Horas de HitlerCHE As Invasões Bárbaras Isto Não é Um Filme CHE 2 - a GuerrilhaPoesia Feliz que Minha Mãe Esteja Viva O Assassinato de Trotsky A Onda Capitalismo: Uma História de Amor Suíte Havana Utopia e Barbárie Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá Os Anos JK - Uma Trajetória Política Marighella - retrato falado do guerrilheiro Jango Notícias da Antiguidade Ideológica: Marx, Eisenstein, O Capital Arquitetura da  Destruição 

Assine Caros Amigos 


O ataque da Globo aos “blogs sujos” e as chances de um mundo novo

31/1/2014

Por Miguel do Rosário - do Rio de Janeiro
É o tipo de matéria para ler com um brilho malicioso nos olhos. Quer dizer que a toda poderosaGlobo está mesmo preocupada com os “blogs sujos”? Aliás, que sintomático a Globo usar a mesma expressão usada por José Serra, em 2010, para se referir aos blogs políticos que lhe davam combate.
A pretexto de escrever sobre a demissão de Helena Chagas, atual chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, e sobre uma possível mudança de rumo na política de comunicação da Presidência da República, a Globo mostra todo seu pavor de perder a “boquinha” que, há décadas, mantém junto à Viúva.
Em matéria estampada na capa do site, a Globo dispara alguns comentários sobre os “blogs sujos” que, evidentemente, foram sopesados a dedo para nos prejudicar. Mas acabam nos dando mais cartaz do que talvez mereçamos. Por isso o brilho malicioso nos olhos.
As Organizações Globo são as maiores destinatárias das verbas públicas de publicidade
As Organizações Globo são as maiores destinatárias das verbas públicas de publicidade
Trecho em questão:
“Em uma das reuniões do presidente do PT, Rui Falcão, com a bancada e integrantes do Diretório Nacional, para discutir saídas para a crise depois das manifestações de junho, houve um debate sobre pontos fracos na equipe ministerial, com críticas à comunicação do governo e da presidente. A reclamação era em relação à pequena margem de financiamento dos chamados “blogs sujos”, que fazem o enfrentamento com a mídia tradicional e atacam a oposição.
— A comunicação do governo é uma porcaria! O governo não tem a estratégia de comunicação nas redes sociais. O Lula mantinha uma canalização de recursos para alguns blogs, mas a Dilma cortou tudo — reclamou naquela reunião o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PR), segundo petistas presentes.
Na época, Vargas desmentiu as críticas, mas nesta quinta-feira, diante da notícia da saída de Helena Chagas, disse ao GLOBO:
— Não gosto dela. A Helena foi pro pau! Beleza”.
(Para ler completo, clique no título)



VIOMUNDO

Processado, Miguel do Rosário dá surra verbal em Ali Kamel

publicado em 6 de novembro de 2013

Ali Kamel processa Cafezinho
O Cafezinho perdeu a virgindade. Eu esperava que isso fosse acontecer mais cedo ou mais tarde. Mas confesso que fiquei decepcionado, porque foi muito previsível. O diretor de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, está me processando por tê-lo chamado de “sacripanta reacionário e golpista”, num post de janeiro deste ano, intitulado As taras de Ali Kamel, no qual eu procuro defender o colega Rodrigo Vianna, que fora absurdamente condenado por um chiste.

(Para ler completo, você sabe o que fazer...)

_______________________________________________________________________________


EEUU se convierte “en un patio trasero” de América Latina

celac
“Estados Unidos se está convirtiendo en un patio trasero de América Latina”, asegura el analista Nil Nikándrov. Atribuye el hecho a los fracasos políticos de Washington en el continente, a la creciente influencia de la Celac y al avance de China.
La Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (Celac), cuya segunda cumbre se celebra estos días en La Habana, es uno de los contrapesos obvios a Washington, destaca Nikándrov. La Celac no incluye ni a Canadá ni a EE.UU., a diferencia de la Organización de los Estados Americanos (OEA), anteriormente el principal foro político interamericano. La presidencia de Cuba es otro desafío a Washington, insiste el analista.
“El intento de aislar a Cuba ha fracasado totalmente, y en este momento lo único que sufre un profundo aislamiento es la política norteamericana en relación con Cuba”, afirmó el canciller cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, en la inauguración de la cumbre. El foro no solo condenó el embargo a la isla caribeña, sino que también aprobó una serie de documentos que desafían las políticas de EE.UU. en la región.
Entre otras medidas, quedó estipulada la declaración que confirma que América Latina y el Caribe son una zona de paz libre de armas nucleares. El documento es de suma importancia, teniendo en cuenta un contexto general en el que EE.UU. y el Reino Unido envían sistemáticamente a la región submarinos atómicos con carga completa y tienen unas 70 bases militares desplegadas en el continente, acentúa Nikándrov.
Otro tema clave fue el espionaje masivo de EE.UU., dejado expuesto por el excontratista de la CIA Edward Snowden. Como la Agencia de Seguridad Nacional de EE.UU. (NSA, por sus siglas en inglés) espió incluso a aquellos líderes de los países del continente americano que son sus socios, una de las cuestiones discutidas fue crear un “Internet latinoamericano”, un sistema de comunicaciones electrónicas bien protegido ante cualquier intervención exterior.
Además, los participantes de la cumbre aprobaron la creación del foro Celac-China, lo que testimonia la importancia que asume el rival económico de EE.UU. en América. El capital chino está presente prácticamente en cualquier Estado de la región, destaca el analista. “EE.UU. debe dejar en olvido su complejo de patrón y cambiar su política; en caso contrario, los latinoamericanos algún día convertirán los territorios al norte del río Bravo en su patio trasero”, acentúa.


































































Leia também...

ATILIO BORON / Celac: No es un milagro, pero casi

Fidel, rodeado de presidentes en su casa de La Habana

Congelan cuentas bancarias de expresidente salvadoreño ladron


_______________________________________________________________________________

No blog da redecastorphoto...




[*] Barbara NewmanL. R . of  Books, vol. 36, Nº 2, 23/1/2014, pp. 5-7
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Resenha de: The Letter Collection of Peter Abelard and Heloise de David Luscombe - Londres: ed. Oxford, 654 pp., agosto de 2013 - ISBN 978 0 19 822248 4 (£165.00)

Abelardo e Heloísa

Há 900 anos, um filósofo-celebridade caiu de amores por sua aluna-estrela e seduziu-a. As antes brilhantes conferências-aulas de Abelardo amornaram, e canções de amor de sua lavra passaram a pôr o nome de Heloísa em todos os lábios. Voaram cartas apaixonadas, e a máquina parisiense de boatos pôs-se a operar em tempo integral – até que a gravidez, afinal, traiu o segredo. Muito contra a vontade de Heloísa, Abelardo insistiu no casamento, para acalmar a fúria de Fulbert, tio dela, que estava realmente enfurecido; e entregou o filho de ambos aos cuidados de seu irmão, que vivia numa fazenda na Bretagne. Casaram-se secretamente ao amanhecer e, dali, cada um seguiu seu rumo. Uma Heloísa ressentida negava todos os boatos sobre o casamento. E Abelardo, para protegê-la contra a ira de Fulbert, vestiu-a num hábito de monja e escondeu-a longe, em Argenteuil, o mesmo convento onde ela fora criada. Foi como a gota d’água que fez transbordar a paciência de Fulbert: contratou bandidos que surpreenderam Abelardo quando dormia e caparam-lhe a parte da anatomia mediante a qual ele cometera os crimes e pecados em discussão. Sem alternativa, o filósofo eunuco fez-se monge, e Heloísa aceitou votos perpétuos, incluindo neles, como prefácio, um lamento público.

David Luscombe
Quase imediatamente começaram a criar-se mitos sobre o casal. O poeta Jean de Meun, ao descobrir as cartas que o casal trocara durante a vida religiosa, traduziu-as ao francês e popularizou a história em seu Roman de la Rose [1]. Um dos personagens elogia Heloísa, sem par entre as mulheres, mas também usa a história, mesmo assim, para alertar os homens contra os perigos do casamento. Lenda gótica narra que, quando Heloísa foi enterrada ao lado de Abelardo, morto 21 anos antes dela, o esqueleto dele abriu os braços para abraçá-la. Em A morte de ArthurSir Thomas Malory fez de “Hellawes” uma bruxa, com interesses necrofílicos na direção de Lancelot. Uma versão do século 18, de versões romanceadas das cartas fizeram do casal o ícone do amor romântico. A tal ponto que Josephine Bonaparte os fez ressepultar no cemitério Père Lachaise.

Entre os medievalistas, poucas figuras foram mais profundamente discutidas. O conto epistolar foi lido como escândalo, romance trágico, edificante história de conversão, ficção espertamente construída e exemplo, às vezes do patriarcado às vezes do feminismo, em ação. Além de incontáveis pinturas, poemas, peças, romances e óperas, as cartas geraram debate acadêmico muito mais amplo do que supuseram merecer. O debate centrou-se não só na interpretação das cartas mas, mais fundamentalmente, na autoria. A autobiografia de Abelardo, intitulada A História das Calamidades Dele (orig. The Story of His Calamities [2]), reconta o infeliz caso de amor dentre outras muitas “calamidades”, supostamente como esforço para consolar um amigo anônimo, provando que as calamidades de Abelardo eram muito piores que as suas (dele). As desgraças do filósofo incluíam uma condenação por heresia, a incineração de seu livro sobre a Trindade, brigas com inimigos invejosos e sua nomeação para o posto de abade de Saint-Gildas, abadia bretã tão corrupta que os monges locais tentaram assassiná-lo, durante a missa, com um cálice envenenado. Ao mesmo tempo em que pinta retrato vívido de seu carismático, embora irascível e tolo autor, o texto também lança luz impressionante sobre a França do século 12. Muitos dos detalhes podem ser confirmados em outras fontes, razão pela qual é difícil contestar a veracidade do relato.

Heloísa, apesar da tantas vezes confessada falta de vocação, rapidamente se tornou abadessa de seu próprio monastério. Abelardo só teve elogios para a ex-esposa (os votos monásticos de ambos automaticamente anularam qualquer casamento): “os bispos a amavam como filha; os abades, como irmã; leigos, como mãe; e todos admiravam sua piedade e sua prudência, além da gentileza e da paciência sem iguais em todas as situações”. 

Aí começa o problema, porque, tão logo esse modelo de virtude pôs as mãos na autobiografia de Abelardo, pôs-se a desmantelar, ela mesma, aquela imagem de perfeita abadessa. Heloísa acusou seu “ex” de tê-la negligenciado durante a primeira década da vida monástica de ambos; reclama de que o que o atraíra foi “fogo de luxúria, não de amor” e exige que ele pague urgentemente a dívida de atenção que tem com ela. Quando ele não paga, ela lança uma torrente de ataques contra Deus, confessa que a religião, nela, é pura hipocrisia, porque até durante a missa sua alma é invadida por “visões lascivas”. Em vez de lamentar o que fez, Heloísa só suspira pelo que perdeu.

Inúmeros historiadores modernos, em reação contra o mito romântico dos dois amantes, consideraram difícil acreditar que uma verdadeira abadessa do século 12 tivesse escrito tais coisas. Pouca diferença fez que a evidência documental de toda a vida dela tendesse a confirmar mais os elogios de Abelardo, que as alegações de Heloísa. 

A abadia dela, Abadia do Paracleto, floresceu, atraindo inúmeras vocações e muitos fundos de doadores bem posicionados e, até, fundando casas afiliadas, para construir sua própria miniordem monástica. Tornou-se também centro para formação religiosa de mulheres. 

Da ravina entre romance trágico e fervor monástico brotou o Primeiro Debate sobre a Autenticidade, que começou no início do século 19, mas ardeu mais furiosamente nos anos 1970s e 1980s, quando a questão da autoria, sendo a autora mulher, caiu sob as lentes de exames feministas. Alguns medievalistas defenderam a autenticidade das cartas de Heloísa; uns poucos atribuíram a autoria a diferentes falsificadores.

Mas outros, entre os quais, principalmente, John Benton e D.W. Robertson, afirmaram que as cartas foram forjadas pelo próprio Abelardo, o qual, para os dois críticos, deu fama a – ou provavelmente, mesmo, inventou – aquela Heloísa apaixonada, jamais arrependida, para dar ainda mais brilho à glória dele, que a seduzira. 

Como as últimas cartas mostram, ela afinal se converteu, ou, no mínimo, aceitou “pôr rédeas” aos próprios lamentos sem limitações. Assim, o que os românticos tomaram como um fim trágico do romance entre os amantes foi, em vez disso, o início de uma frutuosa colaboração intelectual entre eles.

Embora Abelardo jamais tenha cedido à chantagem emocional que Heloísa lhe aplicou, ele, sim, se mostrou absolutamente disposto a cooperar com sua “amada irmã em Cristo”. O dossiê de escritos que Abelardo produziu para a ex-esposa e suas noviças e freiras incluiria um discurso sobre a origem da vida religiosa das mulheres (Carta n. 7, documento extraordinário do feminismo cristão); sobre a administração de monastérios; um hinário completo para o ano litúrgico; um ciclo de sermões; um comentário ao livro do Gênese; e um tratado sobre formação bíblica para mulheres (Carta n. 9), no qual Abelardo elogia Heloísa por seus (notáveis!) conhecimentos de hebraico e grego. 

Fossem quais fossem seus pensamentos privados, a abadessa que encomendou esses escritos tem de ser sido parceira formidável, energética, intelectualmente capaz. Mas essa colaboração não prova que ela não tivesse escrito as primeiras cartas de paixão, sobre as quais repousa praticamente, justa ou não, toda a fama de Heloísa.

Em 1999, a poeira levantada pelo Primeiro Debate sobre a Autenticidade já começara a baixar, e muitos especialistas já concediam que, sim, Heloísa escrevera as cartas que levam seu nome. Mas exatamente naquele ano, Constant Mews, medievalista em Melbourne, pôs fogo à fogueira do Segundo Debate sobre a Autenticidade: publicou um livro que levava o título ousado e provocador de The Lost Love Letters of Heloise  and Abelard [As cartas de amor perdidas de Heloísa e Abelardo]. 

Os dois amantes falam, nas cartas canônicas, sobre cartas anteriores, que haviam trocado “muitas e rápidas” enquanto durou o relacionamento amoroso. Em 1974, Ewald Könsgen publicou uma recém descoberta coleção de cartas medievais em latim, sugerindo, cautelosamente que podiam as cartas perdidas. 

O trabalho de Mews foi mais consistente e mais bem argumentado que o de Könsgen. Mas essas “cartas de amor perdidas”, diferentes das cartas canônicas, eram fragmentadas e sem qualquer assinatura; e chegaram até nós num único manuscrito datado de 1471. 

(Para ler resenha completa, clique no título)

_______________________________________________

Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

_______________________________________________

PressAA


.


Nenhum comentário: