sábado, 11 de janeiro de 2014

Professor Lungarzo: O Caso Battisti em Francês --- Folha encalha no Rio, nem o Meia-Trava lê --- Paulatino, o Sheik pode emplacar na Seleção

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Felipão lamenta morte de Eusébio: 'É uma grande perda para todos nós'

Treinador da Seleção diz que no convívio com o ex-jogador no período em que trabalhou na seleção portuguesa sempre recebeu palavras de incentivo


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O Caso Battisti em Francês

Carlos Lungarzo

Nesta semana acabou de ser impresso na França meu livro

Caso Battisti: Les Coulisses Obscures, editado por Viviane Hamy, com um prólogo de Fred Vargas. A tradução foi um ato de recriação do brilhante Baptiste Baudoin. Em contato permanente com ele, decidi reconstruir boa parte do livro, o adaptando aos novos fatos que aconteceram entre a soltura de Battisti (08 a 09 junho 2011) até a entrega do original português em 2013.

Nestes dois anos, muitas coisas mudaram externamente, e várias (não tantas) internamente. No mundo exterior, Battisti continuou sofrendo perseguição e provocações. Seu processo por documentos falsos não foi arquivado como cabe em qualquer interpretação razoável da Convenção de Genebra. Também apareceram MPs burocratas fazendo denúncias forjadas (Qualquer cidadão comum que apresentasse um 10% dessas falácias seria processado por litigante de má fé.)

Também aconteceu uma mudança nos advogados: o brilhante defensor de Cesare, Luís Barroso, passou à condição de juiz do STF, trazendo a esta paleolítica instituição um sopro de bom senso, inteligência e coragem. Battisti passou alguns duros tempos, enquanto a Polícia Federal (por ordem de ainda-não-sabemos-quem-embora suspeitemos) congelou durante mais de 30 meses seu documento de identidade para estrangeiro, que é obrigatório para qualquer residente permanente, e sem a qual poderia ser expulso.

Além disso, ele foi proibido de se expressar num seminário sobre sua obra literária. Na UFSC, onde foi convidado por um grupo de intelectuais progressistas, os fascistas que abundam nessa região do país (alguns com laços históricos com velhos imigrantes pró-nazistas) promoveram vários tumultos. O mais triste e grotesco esteve representado por um professor de Engenharia e alguns outros pistolões, que acharam imoral, absurdo, criminoso, etc, que uma Universidade Pública convidasse a um escritor condenado pela “sagrada” justiça mafiosa para palestrar sobre literatura. Que barbaridade! Sem dúvidas, estes clowns pensavam que devia ser um médico ou um engenheiro quem devia falar desses temas. Essas opiniões oligocefálicas certamente não têm influência teórica, mais sim política: a ladainha dos professores serviu para estimular um grupo de vândalos pós-teens, que mal e duramente conseguiam ler as palavras de ódio que alguém lhes havia passado em enormes cartazes (para que pudessem lê-las passando o dedinho pela linha).

Os provocadores tiveram parcial sucesso quando o governo, em vez de proteger Battisti e enviar um grupo, mesmo pequena, de membros da PF, proibiu ao escritor assistir àquele simpósio. Mas, por outro lado, houve uma vantagem. Pude substitui-lo e, em minha condição de estrangeiro-não-estigmatizado, pude fazer o que foi proibido a Battisti (mas que ele não se propunha fazer): denunciei as tramoias subjacentes, e também, é claro, falei de sua obra literária.

Dentro ainda dos fatos externos à redação do livro, houve mudanças na defesa de Cesare pós Barroso. A equipe que acompanhava o caso de Cesare para assuntosfora da extradição não conseguiu (por razões que desconhecemos) esclarecer o enigma “Onde está a carteirinha de Cesare?”, uma charada que talvez possa ser resolvida tendo em conta esse ato final de censura contra Battisti escritor.

Hoje Cesare tem dois brilhantes advogados, Torun e Bottini, ambos progressistas e, sobretudo, de pensamento ético independente de quaisquer pressões. Há 40 dias que Cesare já tem sua “carteirinha”, pondo fim a seu longo périplo.

No plano interno da preparação do livro, nestes dois anos apareceram dados novos, embora não muitos. Mais de 80% do processo, caso não tenha sido destruído, está fechado a sete chaves, e não sabemos de nenhuma pessoa neutral que tenha tido acesso a ele.

Conseguimos alguns documentos sobre altas figuras da repressão italiana que afirmam que os atos atribuídos a Battisti eram políticos e não crimes comuns. Alguns desses dados tinham sido fornecidos antes ao STF, mas o relator da época desprezou totalmente. As conexões da perseguição de Battisti com a politicagem italiana ficou mais clara: sabemos, por exemplo, mais detalhes do fracasso dos italianos para formar quórum contra Battisti na União Europeia, encontramos mais oito contradições entre as falsas testemunhas contra Battisti, e, o mais importante, apresentamos o processo de construção das procurações falsificadas. Há detalhes que eu não tinha podido apurar na versão dos Cenários Ocultos, que agora aparecem. Atos suspeitos da polícia e a magistratura, a desaparição aparente de perícias e laudos, etc.

Alguns dados que só eram relevantes para o Brasil foram reduzidos de 100 a 63 páginas, e foram acrescentadas 214 páginas de dados relevantes a escala universal, e maiores detalhes sobre as diversas fraudes no processo. Há um ganho de 151 páginas.

Como já aconteceu na versão portuguesa, foi impossível saber como e em que quantidade foram pagos subornos às grandes figuras, mas pelo menos pudemos obter alguns dados sobre o monto que teria sido pago a dois escritores (um francês e um brasileiro) por escrever contra Battisti. O primeiro teria recebido entre 30 e 40 mil euros por um livro bastante grande, que contém algumas informações verdadeiras e não apenas intrigas. Sobre o outro, só sabemos que a Itália comprou duas edições fechadas e que deu um prêmio ao autor quando ainda a tinta estava fresca, mas não sabemos qual foi o monto embolsado pelo autor. Fringe Benefits são desconhecidos em todos os casos.

O leitor pode ver que o título de meu livro foi modificado:

“Coulisses” são Bastidores e não “cenários”.

“Obscures” parece uma palavra mais adequada que “ocultos”. De fato, se estivessem totalmente ocultos, eu nunca poderia ter tido acesso a eles. Em realidade, estavam na escuridão. Foi necessário acender uma lanterna, algo que fizeram centenas de amigos e colaboradores que, como na edição anterior, manterei em sigilo. Eles são as “luzes protegidas”, com que dei nome a meu blog pessoal.

Vários jornalistas e políticos brasileiros receberão nos próximos dias cópias do livro. Quando receba a minha poderei fornecer detalhes sobre os aspectos da edição.

O livro será lançado ao público no dia 06/02/2014.

Como podem ver, com ou sem carteirinha, a luta continua! Os direitos de um imigrante não dependem de ser acusado de tal ou qual coisa, mesmo se a acusação fosse verdadeira, muito menos quando é falsa. A lei se aplica depois de cometido o delito e não antes...

O próximo passo é a tradução da versão francesa ao Italiano. O antropólogo Italiano, grande estudioso da cultura latino-americana e ativista de esquerda, Fabrizio Lorusso, publicou 2 capítulos iniciais no site de revista Carmilla.


Por enquanto, parece haver medo de algumas editoras italianas para publicar o livro. As negociações continuam, mas é justo que as pessoas protejam sua segurança.

Estou cogitando a publicação em Espanhol e em Inglês, mas nada tem sido decidido.

Obrigado a todos, muito especialmente a dúzias de pessoas (seus nomes não estão protegidos mas não tenho espaço para citar todos) de diversos lugares: defensoria pública, cursos de direito e ciências sociais, escritores, que me consultaram para escrever assuntos inspirados em meu livro.

Uma observação: nenhum destes livros é uma biografia. Portanto, não sou biógrafo de Battisti. Agradeço o elogio, mas não tenho talento para biografias nem me interesso pela vida íntima de pessoas públicas. Já temos TV, revistas e colunas de fofoca em abundância.
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Carlos Alberto Lungarzo foi professor titular da UNICAMP até aposentadoria e milita em Anistia Internacional (AI) desde há muitos anos. Fez parte de AI do México, da Argentina e do Brasil, até que esta seção foi desativada. Atualmente é membro da seção dos Estados Unidos (AIUSA). Sua nova matrícula na Organização é o número 2152711. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz 
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De...
Boletim de Atualização - Nº 348 - 10/1/2014
...para a PressAA...

O dia em que a Folha pingou sangue

folha1
Quem diria: em declínio, jornal que já posou de esquerda e “vanguarda” estampa fotos que fazem lembrar o pior de “Notícias Populares”
Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa
Folha de S. Paulo se destaca na imprensa brasileira pela preferência por expressões fortes, como recurso para chamar a atenção dos leitores ou para reforçar certo sentido que se quer dar à informação. Foi com esse olhar espetaculoso sobre a notícia que o jornal paulista buscou se apresentar, nas duas últimas décadas, como uma marca de vanguarda. “Hiperinflação”, “megaempresário”, “super-salários”, são alguns exemplos desse estilo, que acabou contaminando os outros jornais, contribuindo para uma mudança na linguagem jornalística cujas consequências ainda estão a merecer estudos de pesquisadores em comunicação.
Outra tática utilizada pela Folha para se destacar da concorrência, em especial de seu principal rival na imprensa paulista, o Estado de S. Paulo, é uma postura mais liberal em assuntos comportamentais. O jornal se apresentou como uma espécie de porta-voz do movimento pela aceitação pública do homossexualismo, expandiu os limites para a exibição de cenas de nudismo na imprensa e consolidou o hedonismo como traço marcante de sua conexão com o público. No entanto, em muitos aspectos segue sendo um veículo conservador, preso a uma visão de mundo refratária a novos sentidos da vida social.
Seus editores certamente consideram que estão produzindo um jornal “pós-moderno”. Portanto, faz todo sentido, de vez em quando, “épater la bourgeoisie”, como dizia o poeta francês Arthur Rimbaud (1854-1891) – ou “chocar a burguesia”, como diria em outras épocas o ex-revolucionário e ex-libertário Fernando Gabeira.
Ao mesmo tempo, eventualmente as escolhas do jornal escorregam para o grotesco, a imagem meramente escandalosa e o jornalismo “marrom” que marcou o extinto diário Notícias Populares – que pertencia ao mesmo Grupo Folha.
Nesta semana, a ousadia da Folha de S. Paulo provoca os limites do gosto duvidoso, ao reproduzir imagens feitas em um presídio do Maranhão, nas quais aparecem os corpos de três sentenciados que foram decapitados durante a rebelião ocorrida no dia 17 de dezembro. Além de fotografias, o jornal deu curso à divulgação, pela internet, de vídeo no qual os assassinos se divertem exibindo as cabeças cortadas e os corpos vilipendiados.
Desejo de escandalizar
Na edição de quarta-feira (8/1), o jornal faz a repercussão de sua própria lambança, como a criança que brinca com as próprias fezes: um editorial e mais de um terço da principal coluna de política, além de uma reportagem de página inteira, tratam da questão dos presídios do Maranhão, defendendo uma intervenção federal no Estado e expondo gastos da governadora Roseana Sarney com lagostas e outros petiscos para abastecimento da sua cozinha ao longo do ano. Soa como se a Folha estivesse justificando a exibição das imagens macabras.
Os desmandos da família Sarney em seu longo reinado no Maranhão são bastante conhecidos, e os indicadores que mostram aquele estado na rabeira do desenvolvimento econômico e social do Brasil não deixam dúvida quanto aos resultados da política coronelista em todos os aspectos da vida maranhense.
A situação de descalabro que se revela com a eclosão de conflitos violentos nos presídios e nas ruas exige atenção das autoridades federais e da imprensa de todo o país, conforme já se destacou aqui. Cabe até mesmo, como faz a Folha na quarta-feira (8), levantar um debate sobre eventual intervenção federal, medida pouco usual na história política do Brasil.
Conveniências de alianças partidárias não deveriam cegar os olhos do Planalto para o que se passa naquela região. Esse isolamento já começa a ser quebrado pela imprensa – também o Globo e o Estado de S. Paulo enviaram repórteres para observar diretamente o que acontece no Maranhão, onde a situação social é de calamidade: por exemplo, o número de homicídios cresceu 460% na capital, São Luís, nos últimos 13 anos.
Do trabalho desses enviados especiais deve brotar um retrato daquilo que transformou aquela região em um ponto fora da curva no processo de redução da pobreza que beneficiou todo o resto do país. Em quase meio século no poder local, a família Sarney conseguiu a proeza de manter o estado preso ao passado. No entanto, nada justifica a escolha dos editores da Folha, de dar publicidade às grotescas imagens da selvageria produzida no interior do presídio.
A não ser, claro, o desejo de escandalizar para ganhar audiência.
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Comentário destacado por PressAA, do Observatório da Imprensa:
Rafael D.
 Enviado em: 08/01/2014 12:36:24
Mais revoltado do que já somos? Qual o ganho real de mostrar um ser humano decapitado num jornal? Não é a revolta imediata; é a repulsa, a imagem da derrota que conclama a desistência, o abandono de uma esperança que existe, inclusive, na revolta. A fotografia e a publicidade do grotesco não têm funções jornalísticas tão exatas quanto pensas, caro. Entre tornar pública a vida nababesca dos Sarney e, como diz o título, banalizar o mal, fico com a exposição daqueles. Se este fosse seu ponto, estaria contigo. Ao longo dos anos a imprensa cravou na nossa cabeça justamente essa insensibilidade ao outro dado o excesso de sangue e barbaridade que ela faz questão de publicar. O efeito das tripas chega a nossas tripas silenciosa e lentamente. Não precisamos mais disso.
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Tanto Ninfomaníca, apenas aparentemente erótico, quanto La Grande Bellezza, cínico e exagerado, sugerem: há imenso cansaço no berço do Ocidente. Por Ricardo Cavalcanti-Schiel (Outras Palavras)
País fecha cárceres, por falta de detentos, e comprova: presídios bárbaros só alimentam ódios; para combater criminalidade e reincidência, receita é outra. Por Cibelih Hespanhol (Blog)
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Nº 1838

Recurso apresentado por vizinhos e ambientalistas exige que multinacional conclua os estudos de impacto ambiental


Visita coincide com o aniversário de 55 anos da chegada do líder na capital do país, durante a Revolução Cubana


ÚLTIMAS
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 REVIVENDO 1     
   
(Para Eduardo Venera dos Santos Filho)
Urda Alice Klueger

 Subi hoje no morro da Caixa D’Água, tanto tempo depois. O morro é o mesmo, a rua é a mesma, mas nenhuma das árvores resistiu e me esperou. Quarenta anos é muito tempo. Na verdade, penso no disco de Roberto Carlos que saiu naquele verão e faço as contas: já são 42 anos, e os eucaliptos de lá de cima, então, já eram adultos e me pareciam tão lindos!
Eucalipto é árvore à toa, de outro ambiente, e dura pouco no nosso continente – deveria ter pensado que não existiriam mais. E não há o menor vislumbre de eucalipto lá em cima, agora – outras árvores nasceram e cresceram e são adultas, e dão sombra como então.

A emoção me travava a garganta e pensei que, decerto, era naquela curva ali que se estacionava o carro. Estacionei mais adiante e fui voltando a pé, espionando o passado, me conscientizando da ausência dos eucaliptos, e olhei para baixo. Lá, onde outrora houvera um pequeno bairro de uma cidade que tinha 80.000 habitantes, há agora uma barreira eriçada e compacta de edifícios modernos, tão compacta e tão alta que mal e mal se consegue ver, lá distantes, as pontas dos morros azuis que significam o horizonte. É como se aquela barreira impedisse o passado de se ligar com o presente, como se o passado estivesse preso ali no morro como foi um dia, mesmo que as grandes árvores já não se lembrem. O presente está lá embaixo, naquela barreira eriçada, mas ali, naquele lugar de sol e sombra, no morro, ainda estão pairando as músicas do LP do Roberto que foi lançado no final de 1971, embora já tivesse sido em 1972 que por ali elas tivessem sido soltas, e as lágrimas me vieram com muita intensidade e grande doçura, incontroláveis, e não tive nenhum pejo de chorar tanto quanto o coração me pedia, mesmo que passassem algumas pessoas e alguns carros. Quem olhou, deve ter se intrigado com aquela mulher chorando sem nenhum controle e com toda aquela doçura, pois era tão doce aquele momento de reencontro com distante passado, e estava ele tão cheio de surpresas e intensidades!

Primeiro duvidei se você viera – afinal, não havia nenhum encontro marcado previamente e eu só pensara em subir ali meia hora antes, apenas para ver como seria agora, depois de tanto tempo. Mas ali, sob as novas velhas árvores, podia sentir que você viera e estava, não como uma imaginação ou um fantasma – entre os pedaços de sombra e de sol deste tempo de um dezembro que ainda não se encontrou verão, a sua essência estava com uma tal intensidade que era impossível não sentir, e eu podia estender a mão por sobre as décadas e tocar a sua, e o seu sorriso nem parecia imaterial e era tão lindo, tão “pleno e firme como um botão de rosa[1]”, que fiquei tomada de tal encanto que só poderia se traduzir na doçura das lágrimas.

Como pude ficar tanto tempo sem ter voltado àquele lugar onde até as músicas do Roberto ainda estão vivas?

Blumenau, 15 de Dezembro de 2013. 
Urda Alice Klueger Escritora
Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz



[1] Verso do poeta Marcos Konder Reis.

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Destaques





































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passalidades atuais



repórter do NYTimes
“- Soube que [você] também ajuda a limpar banheiros. Faz parte da experiência?”

Gandhi
“- É uma maneira de aprender que o trabalho de um é tão importante quanto o trabalho de outro.”
...
Ba (mulher de Gandhi)
[contrariada]
“- Soraya veio me dizer que devo limpar a latrina...”

Gandhi
“- É verdade. Todos têm sua vez.”

Ba
“- É trabalho dos párias!”

Gandhi
“- Neste lugar não há párias. Nenhuma tarefa está abaixo de nós.”

Ba
“- Sou sua esposa!”

Gandhi
“- Por isso mesmo.”

diálogos em Gandhi, filme de Richard Attenborough (1982)
 

A enorme simpatia que Gandhi e Nehru nutriam pelo último vice-rei da Índia parece refletir o profundo respeito de ambos por algumas conquistas sócio-culturais da Inglaterra.[1]

Acredito que sua vivência em Londres, como estudante de Direito, tenha contribuído fortemente para impulsionar Gandhi em sua luta visando, também, abolir a milenar instituição do sistema de castas vigente na Índia.

Em termos da História do Ocidente, apesar das mudanças introduzidas pela civilização greco-romana na organização social das antigas tribos bárbaras, permanece notável por entre os povos do Norte europeu a existência de um ‘certo desprezo’ pelo processo decisório verticalizado rigidamente ou, em outras palavras, que as estruturas de comando necessárias para enfrentar determinada contingência continuem a existir indefinidamente, mesmo após o desaparecimento da causa que, temporariamente, as solicitou.
                                                                                                                                
Investigando sobre o que, em última instância, é possível classificar como ‘a notória falta de respeito’ a caracterizar as relações sociais no Brasil, Raymundo Faoro menciona a tese de segundo a qual “Portugal não conheceu o feudalismo[2] -o modo de organização sócio-econômico a partir do qual estabeleciam-se direitos e deveres para servos e senhores... "assegurando o direito de resistência, se ultrapassadas as fronteiras de comando".

Os depoimentos abaixo transcritos são de dois brasileros jovens a ouvir, certamente, o som ao redor[3].
Homero Mattos Jr.


...nós brasileiros somos um povo conservador. Temos uma alma aristocrática... Da faxineira à socialite, do gari ao magnata, não é difícil encontrar quem sonhe ter (ou tenha) um (ou mais de um) empregado em tempo integral a seu dispor, para servir e cumprir as tarefas desagradáveis.
...seríamos uma sociedade melhor se executivos lavassem seus próprios banheiros e porteiros não precisassem olhar os moradores do condomínio de luxo de baixo para cima.
...pela internet, encontrei um texto escrito por um brasileiro que mora na Holanda e publicado em seu blog, em janeiro de 2013, há cerca de um ano. Ele fala sobre isso e achei interessante compartilhar aqui com vocês.
Simão Mairins
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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