segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Por que o traque blackbosta disparado contra o Leilão de Libra falhou?

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Fernando Soares Campos: Ao de ler o artigo "O leilão de Libra e o (quase) triunfo da desinformação", recebido por e-mail da rede de correspondentes do Hélder Câmara, acreditei que este seria um dos textos mais esclarecedores entre a enxurrada de artigos sobre essa questão. Pretendi escrever nota tratando disso, ou seja, dessa minha opinião a respeito do artigo, e postá-lo aqui. Porém, logo em seguida, recebi por e-mail da lista do nosso colaborador Raul Longo nota do MVC que, além de me poupar de tal tarefa, apresenta o artigo com muito mais clareza e competência do que eu faria. 


A POSIÇÃO DO MVC SOBRE O LEILÃO DE LIBRA

Os integrantes do MVC – Movimento pela Vergonha na Cara sempre se apresentaram apenas como cidadãos comuns em busca de informações para através delas se manifestarem em defesa do futuro de suas famílias, considerando como ameaça às vindouras gerações de brasileiros aqueles que pretendam negociar nosso maior potencial de riqueza natural, o petrolífero, em bases prejudiciais ao país.

A esses piratas que em anterior ocasião já tentaram entregar o petróleo brasileiro na “bacia das almas” com a farsa a que se deu o nome de Petrobrax, o MVC identificou como UGP – União dos Gigolôs da Pátria.

Preocupados com as primeiras informações sobre o leilão do poço de Libra, anunciado como o maior da bacia do Pré Sal, o MVC passou a divulgar análises e ponderações de técnicos e experientes na área. Alguns favoráveis e outros contrários ao leilão.

As reações foram mais diversas e o MVC foi acusado de compactuar com a UGP por uns e de pró-governista por outros. Mas já acostumados ao fato de que entre todas as linhas políticas e ideológicas, no Brasil mais se preza o opinar do que o se informar e conhecer, o MVC preferiu analisar os argumentos e ponderações prós e contras.

Entre os contrários ao leilão o MVC identificou dois grupos bastante distintos e a UGP – União dos Gigolôs da Pátria, sem dúvida é um deles. Mas é importante ressaltar que muitos dos críticos do leilão de Libra não o são pelos mesmos interesses da UGP. Muito pelo contrário!

O MVC identificasse com os que criticam o leilão por realmente acreditarem que a exploração do Pré Sal possa ser integralmente realizada pela Petrobras. Se corretos ou não, se suas informações são provenientes ou não, é outro assunto. O que importa ao MVC é que merecem nosso respeito por igualmente defenderem o futuro de nossas filhas e netas e as mulheres de nossos filhos e netos. Ao contrário dos da UGP, não pretendem o adiamento do leilão, para em posteriores governos completar seus projetos de gigolagem da pátria. Sequer pretendem adiamento e o que desejam é a definitiva exploração do campo de Libra exclusivamente pela Petrobras.

Se o que pretendem é possível ou não é possível não está em questão para o MVC. O que importa é que reconhecem a obrigação de lutarmos contra a miséria e a ignorância promotora do grande contingente da prostituição no país. E por esta razão merecem nosso respeito.

A opinião do MVC surgiu da análise e ponderação de muitos argumentos favoráveis e contrários ao leilão. Pretendíamos utilizar um desses textos para através dele expressarmos e explicarmos nossa opinião. Já havíamos selecionado alguns dentre os quais escolheríamos o que incluiríamos nesse manifesto, quando recebemos esse texto.

Infelizmente, quem o postou não manteve o nome do autor, mas nos pareceu ser o mais apropriado, ainda que não o mais completo em informações e detalhamentos que justificam nossas conclusões e opinião sobre o leilão de Libra. Não é mais abrangente do que os textos que havíamos selecionado e que vêm acompanhados das assinaturas de autoria por reconhecidos especialistas no assunto, mas, embora lamentemos não poder identificar a autoria, é o que de forma mais clara e direta expõe a posição do MVC sobre o leilão do poço de Libra.

O leilão de Libra e o (quase) triunfo da desinformação.

Acho que a lição mais importante que o governo deve tirar de toda essa falsa-polêmica que tem se produzido em torno do leilão do campo de Libra, marcado para depois de amanhã, é a de que é urgente democratizar o acesso aos meios de comunicação nesse país. 

As meias-verdades circula com toda a facilidade desse mundo, desinformando e induzindo a população ao engano, ao passo em que o governo não fornece de maneira satisfatória a esse debate os dados, os argumentos, as conclusões de estudos que sustentam sua visão e justificam sua escolha pelo leilão.

Os principais argumentos contrários ao leilão são frágeis, muito frágeis, além de contraditórios.

Frágil ao alegar que o leilão de libra atenta contra a nossa soberania porque o pré-sal, segundo a visão dos que afirmam isso, seria ofertado a multinacionais ao invés de ser entregue à Petrobras. Primeiramente, é bom que se diga, a Petrobras é uma empresa de capital aberto. Estatal, mas de capital aberto. Não vamos nos iludir. Achar que o simples fato de a Petrobras explorar sozinha os campos do pré-sal asseguraria ao país, à União (ou ao povo brasileiro, como queira) o domínio absoluto do lucro dessa atividade é de uma ingenuidade lastimável. Sendo a Petrobras uma empresa de capital aberto, para onde esse lucro tenderia a ser canalizado? Para a bolsa de valores. Quer dizer, o dinheiro do petróleo sairia diretamente daqui, do fundo do nosso oceano, para o bolso dos acionistas da Bovespa, Wall Street etc. etc.

E o que impede que isso aconteça? Regras. Regras claras. A legislação do país que trata dessa matéria. O Marco Regulatório do Pré-sal.

Esse Marco Regulatório, elaborado, votado e promulgado durante o governo Lula (com Dilma na Casa Civil) é que reserva cotas à União, isto é, assegura que parte do petróleo que ainda será extraído seja de propriedade pública, do povo brasileiro, e não de acionistas. É esse Marco Regulatório também que prevê a participação da Petrobras em todos os consórcios que se constituam para atuar nessa empreitada extraordinariamente grandiosa da exploração do pré-sal. Ou seja, a Estatal brasileira se fará onipresente e será OBRIGATORIAMENTE operadora exclusiva desse negócio gigantesco. Teria sido isso, aliás, que afugentou algumas petroleiras que concorreriam nesse leilão. É que elas queriam disputar para serem, elas mesmas, as operadoras. Nesse caso sim, se o edital do leilão previsse essa possibilidade aí sim o interesse nacional seria afetado. Mas como o Marco Regulatório do Pré-sal impõe a Petrobras como operadora, temos a garantia de que não seremos passados para trás. (A título de comparação, durante algum tempo na Argentina, antes da YPF ser reestatizada pela Presidenta Cristina Kirchner, as petroleiras internacionais eram operadoras da exploração que elas mesmas faziam. E o que ocorria? Elas extraíam, por exemplo, mil barris de petróleo por dia e registravam apenas 400. O governo deixava de receber royalties de 600 barris (números aleatórios e meramente ilustrativos).

Daí eu me pergunto: o que querem os que ficam tentando melar o leilão de Libra? Postergar esse importantíssimo evento para tentar realizá-lo futuramente, quem sabe, num contexto reformulado que melhor atenda aos interesses das petroleiras internacionais no lugar dos do nosso país? Tentar flexibilizar o Marco Regulatório do Pré-sal para contemplar as vontades da British Petroleum e da Exxon, que não quiseram "brincar" dessa vez, para depois elas virem e jogarem um outro jogo com as regras que lhes convenham?

Tudo isso me parece revelador da inconsistência e da fragilidade dos argumentos daqueles que defendem a suspensão desse leilão.

Já a contradição se manifesta de uma forma quase patética. Um dos críticos do leilão, o professor Ildo Sauer, que foi diretor da Petrobras no governo Lula e hoje debandou para a canoa furada da Blablarina Silva, reconhece que a Petrobras não teria dinheiro em caixa para arcar com a astronômica despesa das operações do pré-sal e, por essa razão, sugere que esse dinheiro seja obtido por meio de empréstimos junto ao setor financeiro. Ora, o leilão será feito exatamente para atrair parcerias. Petroleiras virão se somar à Petrobras nesse empreendimento. Haverá um grande aporte de recursos porque, afinal de contas, é para isso que esse leilão está sendo organizado. Essas petroleiras interessadas em participar da exploração do campo de Libra injetarão recursos na condição de parceiras da Petrobras, e mais: com a Petrobras sendo a operadora, isto é, as outras estarão sob a supervisão da Petrobras.

Segundo os críticos do leilão, isso não pode. É ruim para o país. O que deveria ser feito é a Petrobras se encalacrar em dívida e depois pagar os juros dos banqueiros com o dinheiro proveniente dos lucros obtidos com o petróleo extraído. Quer dizer: aporte com empresas do mesmo segmento não pode, mas com banco pode??? Alguém entende a lógica desse raciocínio??? Com o leilão o que acontecerá é uma espécie de empréstimo sem juros: haverá entrada de recursos e essa injeção de "ânimo" não será feita como empréstimo, mas sim como parceria, isto é, as empresas correrão o risco também. Sem o leilão, o que se sugere é que a Petrobras contraia empréstimos, se endivide e corra sozinha todos os riscos. Onde é que as pessoas enxergam interesse nacional aí???

Não é a exclusividade da Petrobras que atende ao interesse nacional e assegura a nossa soberania. O que atende ao interesse nacional é a saúde financeira do empreendimento e sua sustentabilidade. Só assim o dinheiro que se produzir poderá chegar aonde deve chegar: na saúde e educação públicas. Além disso, como já foi dito, a Petrobras é uma empresa de capital aberto. O que assegura a nossa soberania são as amarrações legais que estabelecem as regras dessa exploração e partilha dos lucros. Essa amarração está feita pelo Marco Regulatório do Pré-sal, e esse Marco Regulatório está sendo aplicado ao leilão. Pronto.

Tudo isso exposto, retomo o tópico inicial deste texto: que fique a lição para o governo. É preciso urgente democratizar o acesso aos meios de comunicação, pois, enquanto a mídia desse país estiver sob domínio exclusivo dos que jogam contra o patrimônio, teremos mais desinformação e tumulto de ideias do que informação e esclarecimento. O Marco Regulatório das Comunicações é tão fundamental à nossa soberania e à nossa democracia quanto o Marco Regulatório do Pré-sal. Não podemos continuar descuidando disso.


PressAA: Pesquisa no Google com o título do artigo oferece diversos resultados de sua publicação com o nome do autor: Rafael Patto - Facebook

Facebookada

Eu acho o seguinte: ver o psdb emitir nota contra o leilão da Bacia de Libra deveria ser razão suficiente e definitiva pra todo mundo que tem um pingo de bom senso entender que esse leilão deve acontecer.

É risível ver um partido que arruinou com o nosso país, que rifou nosso patrimônio público a três tostões furados, que se desfez da maior mineradora do mundo e detentora das maiores reservas de minério do planeta a troco de esmola, vir fazer pose de preocupação com o futuro do país.

Eu vou compartilhar a seguir alguns trechos dessa nota ordinária acrescidos de alguns comentários meus entre colchetes. O link do site do partido, eu me recuso a colar aqui.

“Riscos no leilão de Libra”, análise do ITV [ITV, pra quem não sabe, é Instituto Teotônio Vilela, que é ligado ao psdb].

O país está prestes a leiloar cerca de metade de suas reservas de petróleo, mas nem parece que negócio de tamanho vulto está para acontecer. Muito pouco tem sido dito a respeito do assunto, num vício que vem desde a origem, quando o governo Lula impôs goela abaixo um novo modelo para exploração de petróleo no Brasil.

[O modelo de exploração é o de partilha de lucros, em substituição ao modelo de entrega de mão-beijada do Fernando Henrique. O psdb demonstra sua ira e ressentimento ao dizer que “Lula impôs goela abaixo” esse novo modelo. Ora, qual o que? Como se pode dizer que o governo impôs goela abaixo um modelo de partilha que foi tornado lei após ter sido votado na Câmara e no Senado, por Deputados e Senadores de todos os partidos? O Executivo encaminhou a proposta e o Legislativo a aprovou. Isso é empurrar goela abaixo?]

O leilão de Libra é o primeiro dentro do sistema de partilha, pelo qual o consórcio que vencer a disputa entregará à União pelo menos 41,65% do chamado “lucro-óleo” que extrair, ou seja, o volume produzido depois de descontados todos os gastos com as atividades exploratórias. Vence a disputa, que acontece na próxima segunda-feira no Rio, quem se dispuser a entregar percentual maior da produção.

[Exatamente, vence quem se dispuser a partilhar mais com a União além da cota mínima.]

Tudo em torno de Libra é gigantesco. Sua área é de 1.548 km² (o equivalente à do município de São Paulo), localizada na Bacia de Santos, no litoral do Rio de Janeiro, a uma distância que varia entre 166 km e 270 km da costa fluminense. As reservas situam-se em águas profundas, a cerca de 7 mil metros abaixo da superfície.

O mais espantoso, porém, é seu potencial de produção e os valores envolvidos. Estima-se que Libra contenha entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris de petróleo. Se confirmado o limite superior, significa dizer que lá está o equivalente a quase todas as atuais reservas provadas de petróleo no Brasil – são 15,3 bilhões de barris, segundo os dados mais recentes da ANP.

O vencedor do leilão terá de pagar R$ 15 bilhões a título de bônus de assinatura. Deste valor, pelo menos 30% terão de vir da Petrobras, uma vez que a estatal foi definida, no novo modelo, como operadora única e sócia obrigatória dos consórcios nesta proporção.

Retirar, no mínimo, R$ 4,5 bilhões dos cofres da maior companhia do país neste momento será uma sobrecarga e tanto, diante das imensas dificuldades que a Petrobras vem enfrentando para levar adiante seu plano de investimentos e aumentar sua produção – sem a qual o Brasil mantém-se dependente da importação de derivados.

[Ora, psdb, faça-me o favor! Essa gente quase acabou com a Petrobras e agora vem se mostrar preocupada com a saúde financeira da empresa? Conta outra! Sim, 4 bilhões e meio de reais faz impacto no caixa de qualquer empresa, mas a Petrobrás se preparou para esse leilão. E tem mais: isso que o partido chama de “enormes dificuldades para levar adiante seu plano de investimentos e aumentar sua produção” não é bem uma dificuldade, mas sim um desafio. Desafio a ser superado por uma empresa Estatal que, além de assegurar os ganhos de seus acionistas, vem se mantendo firme no cumprimento de sua função social como Estatal, isto é, contribuindo com o desenvolvimento econômico, social e tecnológico brasileiro. Coisa que definitivamente não estaria acontecendo se a Petrobras tivesse sido transformada em Petrobrax e transferida para o controle dos conglomerados privados internacionais, como tentaram os tucanos até o dia 31 de dezembro de 2002.]

Como as grandes petrolíferas mundiais preferiram não entrar no leilão – temendo riscos associados às novidades regulatórias brasileiras, que também incluem a subordinação de todo o negócio a uma nova estatal que ninguém sabe como funcionará, a PPSA – mais provável ainda é que a gigantesca reserva de Libra acabe em mãos de estatais estrangeiras, possivelmente chinesas.

[Esse trecho é revelador da alma tucana. Aqui fica expressa, sem volteios, a inconformidade dos tucanos-entreguistas-lesa-pátria com a regulação que o governo Lula (com Dilma na Casa Civil) estabeleceu para o setor de energia e petróleo. Os tucanos odeiam regulação porque regulação significa maior controle do governo e mais garantias para o país. Os tucanos gostam é da coisa solta, para as petroleiras internacionais virem aqui e fazerem o que quiserem sem ter que prestar contas. Foi por isso que, na campanha de 2010, José Serra chegou a prometer para os executivos da Chevron-Texaco que mudaria as regras instituídas por Lula e Dilma com o Marco Regulatório do Pré-sal. Se Serra tivesse sido eleito, as “grandes petrolíferas mundiais”, como diz a nota do partido lambe-chão, não teriam “preferido não participar do leilão” porque, afinal de contas, elas fariam o que quisessem. O governo simplesmente diria: “entre, a casa é sua”. Mas como em 2002 nós elegemos um governo nacionalista e responsável, comprometido com a soberania do nosso país, foram estabelecidas novas regras para corrigir a pouca vergonha que FHC aprontou. É por isso que os tucanos não querem o leilão de Libra: porque é bom para o Brasil e ruim para as petroleiras estadunidenses. Eles querem que Libra fique lá, quietinha, até quem sabe algum dia eles conseguirem desfazer as regras instituídas no governo Lula e restabelecer o cenário anterior de completo desleixo. Enquanto isso, a educação e a saúde públicas continuam esperando. Afinal, para o psdb, a educação e a saúde do povo nunca são prioridade. Prioridade mesmo é a satisfação dos capitalistas e rentistas da bolsa de valores.

Sobre a questão de acabar “em mãos de estatais estrangeiras, possivelmente chinesas, isso é uma falácia. O Campo de Libra não vai acabar não mão de estatal estrangeira nenhuma, inclusive a própria menção à PPSA – Pré-sal Petróleo SA, empresa pública 100% estatal que será criada – contradiz essa idéia de “acabar nas mãos de seja lá quem for” A operação do pré-sal será completamente controlada por uma estatal brasileira, e é isso que desagrada tanto às petroleiras privadas dos EUA e aos tucanos que tentam fazer de tudo para agradá-las. Aliás, eu não entendo o raciocínio desses seres: o partido lamenta a não participação das petroleiras privadas estadunidenses, mas acha ruim o envolvimento das estatais chinesas. Se o Campo de Libra fosse parar na mão das petroleiras estadunidenses estaria tudo bem, mas estatais chinesas é um horror. É isso? Ai ai. O que se passa é que as estatais chinesas (provavelmente serão mesmo elas as vitoriosas) se habilitarão a explorar a reserva de Libra, observando-se todos os critérios e condições trazidos pelo Marco Regulatório, sobretudo quanto à regra da partilha dos lucros e à obrigatoriedade da Petrobras como operadora única do empreendimento. Ou seja, não existe esse papo de “acabar nas mãos” de quem quer que seja porque não vai sair do controle da Petrobras. Qual a parte do “a Petrobras será operadora exclusiva do pré-sal” que os tucanos não entenderam? Ô racinha de inteligência subdesenvolvida.]

Neste caso, o problema é elas usarem o campo não para produzir petróleo e gerar riqueza imediata, como o país necessita para alavancar seu desenvolvimento, mas sim manterem-no como reserva estratégica para suprimento futuro. Assim, Libra acabaria servindo para alimentar o crescimento de outras nações e não o do Brasil.

[Quanta abobrinha! A China é um dos países mais industrializados do mundo e é um grande consumidor de Petróleo. Ela não tem interesse nenhum em manter o petróleo do pré-sal brasileiro como reserva até porque o aumento da produção em grande escala nos próximos anos, e o conseqüente aumento da oferta de petróleo no mercado internacional, poderia significar a redução do preço do barril, o que, evidentemente, interessa a China que é uma grande compradora. Portanto, os Chineses vêm dispostos a produzir petróleo para ontem.]

Tudo considerado, é espantoso que o país esteja prestes a ver este imenso poço de geração de riquezas ser alienado quase que na bacia das almas. É inconcebível que Libra vá a leilão envolta em tamanho improviso, discricionariedade e amadorismo. É risco demais para um patrimônio que é de todos os brasileiros e a eles, só a eles, deveria servir.

[Espantoso??? Um país que assistiu ao leilão da Vale do Rio Doce, que valia, por baixo, mais de 70 bilhões de dólares ser arrematada por 3 bilhões vai se espantar com um leilão que está sendo realizado dentro da legalidade e em conformidade com o interesse público??? E ninguém nesse país tem menos moral do que o psdb para querer falar me nome do “patrimônio que é de todos os brasileiros” porque ninguém nesse país roubou mais o patrimônio do povo brasileiro do que o psdb. Portanto, tucanos de uma figa, shut up!!!]
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Alguém já pensou no que aconteceria se fosse o contrário. Se o governo brasileiro tivesse espionado alguma empresa estratégica dos EUA, que respostas receberia do país governado por Barak Obama?
18/10/2013
Elaine Tavares
Sempre digo por aí, não sem certa tristeza: somos os arautos da desgraça. Aqueles que sobem no mais alto monte e ficam a gritar sobre os males que virão. Não que sejamos videntes, pitonisas, magos. Não. Apenas analisamos a realidade, observamos as relações de causa e efeito e pronto: aí está o que pode acontecer. No geral, as coisas acontecem mesmo. É ciência.
Desde há muito anos denunciamos os programas de espionagem do governo dos EUA. E antes de nós outros já denunciavam. Mas, nossas palavras ficam no vento: teoria da conspiração, coisa de esquerdinhas, maluquices dos que são anti-progresso e tantas outras etiquetas pejorativas que se usam para desqualificar nossas análises e opiniões. Para a maioria da população, que conhece a realidade através da mídia comercial, as relações com os Estados Unidos sempre foram muito boas e assim tem de ser, afinal, esse é um país grandioso que tem muita coisa a ensinar e oferecer. Pessoas há que, inclusive, acreditam ser muito bom ser dependente dos EUA, já que esse é um país importante.
Em todos os meios de comunicação de massa raras são as notícias ruins sobre os EUA. No mais das vezes, as que aparecem são as impossíveis de esconder, como é o caso das chacinas que jovens adolescentes praticam sistematicamente. Mostra-se o fato, a dor, a tragédia, mas quase nunca aparece uma boa análise dos motivos que levam a isso. O jornalismo não se presta a desvelar a realidade. É mera propaganda. Então, fatos como esses aparecem como patologias, falhas na matrix, e não há ligação com o fenômeno da violência de uma sociedade militar. Assim, logo em seguida, novas notícias sobre a Disneylândia ou o lançamento do "Homem de Ferro 3" colocam as coisas todas no lugar outra vez.
Pois agora, nos últimos tempos, a espionagem dos EUA sobre o mundo veio à tona na denúncia de um jovem estadunidense que trabalhou para uma dessas empresas que roubam dados e fuxicam a vida de pessoas e estados para que o governo possa atuar na defesa dos interesses da elite dominante daquele país. A notícia se espalhou. Não havia como negar. Até então, as provas repassadas pelo WikiLeaks eram vistas com ceticismo e seu criador, Julian Assange, era igualmente desqualificado como pessoa, para que suas informações se perdessem no vazio. E, afinal, Assange é um inglês, logo, poderia ser um inimigo dos EUA, ou, quem sabe, um esquerdinha a mais.
Foi apenas quando a denúncia veio de dentro mesmo do "monstro" que os meios de massa tiveram de dar algum destaque. Ainda assim, tudo segue meio nebuloso. E Edward Snowden ainda está revestido de mistério. Afinal, como um "americano" normal iria denunciar seu próprio país. Seria ele um tolo? Assim como foi tolo o jovem Brad Manning ao denunciar as atrocidades dos EUA no Iraque, tentando mudar essa realidade, tentando "ajudar" seu país? Perguntas que a mídia comercial deixa no ar, para que as pessoas passem elas mesmas a formular essas teses, aceitando-as como verdadeiras: os caras são traidores da pátria deles.
Só isso pode explicar o fato de o Brasil ter sido espionado naquilo que tem de mais estratégico que são suas riquezas naturais, e tudo ficar por isso mesmo. Comprovado ficou que os Estados Unidos espionaram a Petrobras, espionaram a presidente do país, espionaram ministros. O máximo que se teve de repercussão foi um discurso na ONU e um pedido de explicações ao governo dos EUA. O governo explicou? O Brasil se satisfez com as explicações? O que está em jogo no tabuleiro da espionagem das riquezas do país?
Alguém já pensou no que aconteceria se fosse o contrário. Se o governo brasileiro tivesse espionado alguma empresa estratégica dos EUA, que respostas receberia do país governado por Barak Obama? Certamente a Quarta Frota ocuparia nosso litoral. Os mariners viriam aos montes, os Seals, a CIA, e toda a sorte de mercenários ou patriotas. Haveria uma guerra? Ocupariam Brasília? Viriam o Rambo, o Duro de Matar, o Homem de Ferro, o Capitão América, os Vingadores? Sim, viriam!
Mas, e o Brasil, que poderia fazer? Uma guerra? Possivelmente não. Temos de ser realistas. Mas, uma coisa poderia ser feita sim. Ou melhor, deveria. Cancelar os leilões da Petrobras. É fato notório e comprovado que espionaram a empresa brasileira de petróleo. É fato que o Brasil tem reservas imensas no pré-sal. É fato que as empresas estadunidenses estão de olho no petróleo, não só aqui, mas em todo o mundo. Logo, se espionaram a Petrobras estão de posse de informações estratégicas sobre os campos de petróleo. E, sendo assim, serão as vencedoras nos leilões que mais lhe interessarem. Não é esquerdismo, nem teoria da conspiração. É matemática. Junta dois mais dois e tem o quatro. Não há erro.
Pois apesar de todo esse cenários de filme roliudiano, a presidente Dilma (que foi espionada também) decidiu manter o leilão do Campo de Libra para o dia 21. Está ajoelhada diante do império. Nenhuma reação prática além das palavras na ONU. E mais, chamou o exército para cercar as ruas impedindo que a população se manifeste. Submete-se vergonhosamente aos interesses externos e enfrenta o povo de seu país como inimigo. Porque, afinal, exército é uma instituição que existe para defender o país de agressões externas, de inimigos.
As perguntas que as pessoas devem se fazer é: quem são os inimigos do país? Quais são os que devem ser enfrentados? As pessoas que aqui vivem e que querem proteger as riquezas naturais? Ou os estrangeiros que vêm explorar o petróleo, levando as riquezas para fora do país? Seriam os trabalhadores da Petrobras, os sindicalistas, os militantes do Movimento Sociais os verdadeiros inimigos do Brasil? Pensem nisso... Com calma!
E aqui vão outras indagações para ligar os fios da realidade social: que relação tem tudo isso com os protestos que tem sido realizados nos últimos tempos? Por que foi votada uma lei que transforma em "bandido" e "perigo nacional" aqueles que estão nas ruas se expressando da única forma com a qual conseguem ser ouvidos? Por que se manda para os presídios estudantes e populares que enfrentam a polícia na luta por direitos e por soberania? Seria realmente "vandalismo" a reação desesperada de quem não consegue ser escutado como cidadão que pensa e decide as políticas de governo? Afinal, os governantes não deveriam governar baseado nas demandas do seu povo? Ou devem governar baseados nos desejos de empresas transnacionais ou governos estrangeiros?
Pois essa é a trama do tecido social que temos estendido sobre nossos olhos. Segunda-feira acontece o primeiro leilão do pré-sal. Nossas riquezas sendo entregues possivelmente aos mesmos que nos espionaram. Nas ruas, as pessoas que insistem em ver o Brasil soberano, dono de suas própria riquezas, enfrentarão mais que a polícia. Enfrentarão o exército, colocado nas ruas para "defender" a nação. Defender o Brasil dos brasileiros. Jovens, sindicalistas, populares, reagirão organizadamente, pacificamente. Outros reagirão desesperadamente. A luta é desigual. De um lado, homens armados, treinados para exterminar o inimigo. Do outro, gente indignada, apaixonada, desesperada diante da força bruta.
E na televisão os repórteres bem-mandandos ouvirão pessoas que chamarão de "vândalos" aos que lutam. E aparecerão pessoas do povo dizendo que o lugar de quem está mascarado e reage violentamente num protesto deve ser mesmo o presídio. E toda essa gente que luta pelo Brasil soberano será colocada na condição de bandido, terrorista, baderneiro. E os âncoras dos telejornais farão aquelas caras constritas para falar da "violência" perpetrada por pessoas que não querem o progresso do Brasil. O progresso deles, dos âncoras, que são os ventríloquos daqueles que dominam, é o da entrega das riquezas, o da submissão, da dependência. E as pessoas "de bem" dormirão tranquilas, sabendo que os "bandidos" estarão nas cadeias.
Só que as pessoas que lutam pela soberania nacional não são bandidas. Elas são o povo. E isso não se acaba assim, na prisão de alguns. A luta recomeça e, de novo, nas ruas, estarão milhões. Porque a realidade mesma é clara. Esses espaço geográfico é dos brasileiros e dos que aqui escolheram viver. Não pode servir de lugar de exploração, como sempre tem sido desde a invasão em 1500.
A segunda-feira que virá escreverá os destinos do país.
Elaine Tavares é jornalista.
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Fernando Soares Campos: Eliane, você tem razão. Depois de muitos anos na posição de "arauto da desgraça", fica difícil tornar-se otimista. As pessoas bem intencionadas identificavam facilmente as catastróficas consequências das medidas tomadas pelos governos entreguistas, os vendilhões da pátria. Hoje, mesmo reconhecendo os esforços que os últimos governos vêm empregando para avançar sobre a herança maldita, isso no âmbito do descarado entreguismo que causou incomensuráveis prejuízos patrimoniais à Nação, como também os esforços para enfrentar os embaraços propositadamente plantados por eles em específicas legislações, pois bem, apesar disso, muita gente bem intencionada continua servindo de “arauto da desgraça”, agora “involuntariamente” a serviço dos “causadores de desgraça”, hoje sabotadores, que acionam as minas que deixaram pra trás através de controle remoto: os arraigados “arautos da desgraça”. Daí, podemos confirmar que o uso do cachimbo entorta a boca dos tabagistas inveterados. Uma vez flamenguista fanático, sempre fanático; então, mesmo que o Flamengo esteja ganhando de dez a zero, se tomar um pênalti que seja convertido em gol, ele não pensa duas vezes, grita de lá: “Juiz ladrão!”. Nunca vai admitir que o juiz tivesse aplicando a regra (talvez injusta) corretamente. Até porque nunca se viu tanto juiz ladrão!

Eliane Tavares: “As perguntas que as pessoas devem se fazer é: quem são os inimigos do país? Quais são os que devem ser enfrentados?

E na televisão os repórteres bem-mandandos ouvirão pessoas que chamarão de "vândalos" aos que lutam.

Pois apesar de todo esse cenários de filme roliudiano, a presidente Dilma (que foi espionada também) decidiu manter o leilão do Campo de Libra para o dia 21. Está ajoelhada diante do império. Nenhuma reação prática além das palavras na ONU. E mais, chamou o exército para cercar as ruas impedindo que a população se manifeste. Submete-se vergonhosamente aos interesses externos e enfrenta o povo de seu país como inimigo. Porque, afinal, exército é uma instituição que existe para defender o país de agressões externas, de inimigos.

Pois é, Eliane, num ponto aí você tem razão (ninguém é perfeito, nem mesmo os “arautos da desgraça”): o aparato de segurança montado pelo governo federal foi inútil, no sentido de que não havia necessidade de tanta preocupação. Qualquer equipe de segurança de um dos condomínios vizinhos ao local onde se realizou o leilão teria resolvido a parada, teria contido a meia dúzia de blackbostas que compareceram ao local.

E desta vez não ouvi, nem mesmo uma única vez, um repórter ou âncora chamando os “manifestantes” de vândalos. Só faltou dizer que lamentavam a “incompetência” dos tais black blocs. Ou dos seus mobilizadores, que talvez tenham economizado verbas para contratação de trolhas que sustentam os discursos dos “arautos da desgraça”.

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA


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