segunda-feira, 1 de julho de 2013

Carta Maior & Wikiphedia: Marina Silva & Finanças – Aplicar

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Marcelo Salles (*)

A pesquisa Datafolha para intenção de voto divulgada neste domingo (30) foi realizada num momento de plena ebulição popular e, portanto, seu resultado deve ser analisado a partir dessa perspectiva. Dilma passou de 51 a 30, Marina foi de 16 para 23, Aécio de 14 a 17 e Eduardo de 6 para 7. Ou seja, dos 21 pontos perdidos pela presidenta, sete foram para Marina, três para Aécio e um para Eduardo, num total de onze pontos transferidos para adversários. A outra metade, dez pontos, engrossa a fileira dos "desiludidos" com a política, que alcança 24, justamente o aspecto mais amplificado pelas corporações de mídia durante os protestos - o que encontra-se em consonância com sua eterna pauta de criminalização da Política e seus representantes.

DATAFOLHA 30/06/2013 - Intenção de voto para presidente em 2014

30 - Dilma Rousseff
23 - Marina Silva
17 - Aécio Neves
07 - Eduardo Campos
24 - Branco, nulo ou indeciso

Obs: os números divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo somam 101 pontos, ao invés de 100, como nos levantamentos anteriores.

Pesquisas de intenção de voto são um retrato do momento e, portanto, nunca são estáticas. Um ponto importante a ser destacado é que, muito provavelmente, a conjuntura em que foi realizada não poderia ter sido pior para Dilma. A presidenta, eleita democraticamente pelo povo para governar o país, não fugiu às suas responsabilidades: foi para a televisão, falou diretamente aos cidadãos, afirmou que seu governo está ouvindo as vozes das ruas e reafirmou compromissos importantes com o desenvolvimento do país. 

No entanto, com milhões de pessoas nas ruas e tantas pautas diferentes em voga, as insatisfações, de modo geral, tendem a recair sobre quem está no comando, mesmo que várias das reivindicações não estivessem sendo dirigidas à esfera federal de governo. 

Se é verdade que o momento foi o mais delicado possível, é muito provável que os próximos levantamentos registrem uma recuperação nas intenções de voto da presidenta. Isso, claro, desde que a Economia não entre em colapso e o governo mantenha o foco na Agenda Social - dar continuidade ao combate à miséria, à garantia dos direitos humanos e ao diálogo com os movimentos organizados, sem, no entanto, ficar refém de interesses estrangeiros que instrumentalizam, geralmente através de ONGs, um sem número de grupos sociais.

Como registrei há três meses, era preciso ficar especialmente atento a duas variáveis de lá até as eleições - mídia e evangélicos. Disse que eles seriam os fiéis da balança em 2014. Naquele mesmo texto, dividi o período que nos separa das eleições em três momentos: o primeiro seria de março/13 a outubro/13, quando todos os partidos devem estar constituídos e aqueles que pretendem se candidatar a cargos de deputado, senador, governador e presidente precisam estar devidamente registrados em suas agremiações. O segundo período seria de outubro/13 a março/14, quando termina o prazo para desincompatibilização de cargos públicos, o que deixará o cenário praticamente definido. E o terceiro e último período seria o que transcorre de março/14 até outubro/14, quando ocorrem as articulações finais e a tem início a campanha propriamente dita.

Ao analisarmos o avanço de Marina Silva, vemos claramente o papel do fator "evangélicos", cuja atuação tem sido determinante no recolhimento das assinaturas para a fundação de seu partido. Como registrei no último artigo, seu avanço nas intenções de voto era esperado, não pelos protestos, mas porque a militância em massa nas ruas colocaria seu nome na boca do povo. Além disso, ela encontra uma vasta camada da sociedade que recentemente ascendeu socialmente, mas sem qualquer ideologia, sendo, portanto, vulnerável a mensagens de cunho religioso e/ou a chamadas "politicamente corretas". É possível que Marina continue no movimento ascendente, caso seus militantes permaneçam nas ruas e ela consiga o registro do partido em tempo hábil para disputar as eleições, o que lhe dará direito a tempo de televisão e recursos financeiros adicionais.

Já o caso de Aécio Neves é diferente. Ele vem avançando lentamente, mas com consistência. Em março tinha 10, no início de junho foi a 14, passando agora a 17. Ocorre que nos dois intervalos ele foi beneficiado pela variável "mídia", que no primeiro momento teve a seu favor a conjugação do programa de seu partido na televisão com os boatos sobre o fim do Bolsa Família, culminando com sua eleição para a presidência do PSDB (tudo com ampla divulgação pelas corporações de mídia); agora, durante os protestos, Aécio apareceu, também em propaganda partidária de rádio e tv, convidando os brasileiros para conversar sobre o Brasil. É possível que siga crescendo, mas dificilmente vai tirar pontos de Dilma ou Marina; terá que disputar os indecisos.

Como venho afirmando desde março, não era conveniente fazer o jogo do "já ganhou" que se ouviu de parte da esquerda quando Dilma despontou com 57 pontos. Dizia que faltava muito para as eleições e, até lá, muita coisa podia acontecer. Aconteceu justamente a ação pesada dos fiéis da balança, a mídia e os evangélicos, conforme havíamos previsto. Os evangélicos na organização da campanha por Marina e contra Dilma, e a mídia com a instrumentalização dos protestos a seu favor. Eles irão continuar operando contra a presidenta até o dia do pleito, não importa o que ela faça. Simplesmente porque defendem outro projeto para o país.

(*) Marcelo Salles é jornalista. No twitter é @MarceloSallesJ


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Meu nome é Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima. Me diga mesmo: num parece nome de quem nasceu em berço de ouro?! Pois é, mas num foi, não! Eu nasci numa colocação chamada Breu Velho, no seringal Bagaço, lá no Acre. Hoje eu tenho orgulho de dizer que nasci e me criei junto a essa minha gente sofrida. Mas nem sempre foi assim, nem sempre tive esse orgulho todo...

(...)

Fui levada à atividade política e social pela Igreja Católica, mas descobri que no movimento evangélico-protestante eu teria mais chances de me projetar. Basta ver que os neopentecostais cresceram muito, as bancadas deles nas assembleias legislativas e no Congresso são muito fortes. Bom, mas com a ajuda da Igreja Católica eu aprendi a ler, escrever e acabei me formando. Na minha página da Wikipédia o pessoal resolveu deixar apenas minhas relações com a Igreja Católica, nada de evangélicos [AA: Atualmente, com atualização da página na Wikipédia, já se pode ler alguma coisa sobre as relações de Marina Silva com o movimento evangélico. Título indicado: "Silas Malafaia ataca Marina Silva porque ela defende laicismo" - Ateus do Brasil], pois isso é coisa de minha vida privada, e ninguém tem nada com isso. Ah, o pessoal também omite o nome do PT quando fala de minhas eleições [Também atualizado]; deixa apenas a sigla PT quando se refere à eleição que perdi. Mas isso é coisa desses meninos metidos a marqueteiros. Bom, de qualquer forma, isso está sendo esclarecido aqui na Wikiphedia.

Infelizmente não tem como negar, todo mundo sabe que eu cheguei onde cheguei foi montada no PT. Em 1988, fui a vereadora mais votada do município de Rio Branco, conquistando a única vaga da esquerda na Câmara Municipal. PT. Em 1990 me candidatei a deputada estadual, pelo PT, claro, e obtive novamente a maior votação. Em 1994 foi eleita senadora da República, pelo PT do meu Estado, com a maior votação, enfrentando uma tradição de vitória exclusiva de ex-governadores e grandes empresários do Estado. O PT foi tudo na política para mim! Basta dizer que fui Secretária Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores, de 1995 a 1997. Mas a glória veio mesmo foi com a eleição de Lula em 2003. Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, fui nomeada ministra do Meio Ambiente. Deus do Céu! Vocês nem imaginam com o que eu comecei a sonhar! Imaginam?! Pois é, acertaram! Isso mesmo, se Lula chegou lá, porque eu num chegaria, né?! Olha, eu tinha um trabalho reconhecido no mundo inteiro! Fiz muito, mas muito mesmo, quando fui ministra do Meio Ambiente! Governo nenhum havia feito nem a metade do que eu fiz como ministra do governo Lula. Ah!, eu ia esquecendo: sou ativista em defesa do meio ambiente desde aqueles tempos em que lia Capricho, Sétimo Céu, Contigo... Eu ligava o radinho de pilha do meu primo e ouvia Roberto Carlos cantando: “Seus netos vão te perguntar em poucos anos pelas baleias que cruzavam oceanos...”. Me emociono, me arrepio toda só de lembrar! Muitas emoções!

(...)

Tenho amigos no PT, sempre fui muito querida no partido e no governo. Eu era, por assim dizer, o xodó do governo Lula e do Partido dos Trabalhadores. Eu já sonhava com a Presidência da República... Afinal, se Lula chegou lá, por que essa não seria a minha vez?

Foi aí que me desgostei! foi quando eu descobri que o verdadeiro xodó não era eu! Quer dizer, eu poderia até continuar sendo a queridinha, a namoradinha do Brasil, como a Regina Duarte foi por muitos anos. Mas ela... Ela... pronto, todo mundo sabe quem é! Ela foi a escolhida. Ela, uma mulher quase tão braba quanto a Heloísa Helena! Ela foi a escolhida. E eu, um doce de criatura, a candura em pessoa, tinha que me contentar com um ministeriozinho! Ah, mas nem morta! Ela, com suas obras faraônicas, com aquela pose de executiva! Ares de administradora! Mandona! Isso, sim! Tá vendo essa foto aí em cima?! Pois foi tirada no momento em que eu disse NÃO a ela! Assim, na lata! Não ao projeto que ia atrapalhar o amor dos bagres no rio Madeira. Isso só pra construir uma usina hidroelétrica. Não! Eu disse assim, na lata: "Ninguém vai atrapalhar o amor dos bagres!" Os bichinhos também são filhos de Deus. E tá lá na Bíblia: "Crescei e multiplicai!"

(...)

Renunciei à minha vocação para o celibato, deixei de ser freira para virar vereadora, deputada, senadora, ministra, celebridade política; me sacrifiquei, precisei viajar mundo afora, cumprir compromissos com chefes de estado, nobreza, imprensa, universidades. Depois de tudo isso, eles ainda têm coragem de vir me beijar. Até esse Judas e esse judeu!

(Para ler a página completa de Marina Silva na Wikiphedia, clique no título ou AQUI)

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Troca de mensagens de uma de nossas correspondentes como o nosso editor, em 30/6:

Ola Pessoal
É impressionante que, mesmo com as milhares de pessoas nas ruas de norte a sul do pais, os que defendem o governo nao parem para pensar o que esta acontecendo? Ou voces acham que isto é contra o PSDB? É claro que tambem é contra o PSDB que iniciou este processo e continua com ele em alguns estados. Mas o centro é o governo federal que da a linha para o modelo de desenvolvimento de nosso pais. A eliminaçao da oposiçao nos espaços institucionais e a tentativa de fazer o mesmo no movimento social, nao garante a continuidade de um processo de desenvolvimento como o que temos. Poderia discutir cada um dos "onze motivos para defenestrar Lula". Mas, acho que o autor deveria tentar ouvir as vozes das ruas. 

Saudaçoes
Dirlene Marques
Prof. de Economia da UFMG e atualmente professora de Universidade Miltom Campos.

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Prezada leitora e correspondente Maria Dirlene, antes de tudo, grato pela atenção.

Veja bem, nós até que paramos de vez em quando; isso, geralmente, por motivos pessoais, nada a ver com os acontecimentos em voga, desde 1900 e antigamente... Alguns dos nossos correspondentes até reclamam, perguntando "por que paramos, paramos por que..."

Mas não gostamos muito de parar pra pensar. Até que fazemos isso de vez em quando, são pausas pra refrescar; mas somos na verdade pensadores compulsivos (a falsa modéstia passa longe de nós, até porque já disseram que "toda modéstia é falsa"), pensamos enquanto andamos na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê...

Mas observe como estamos afinados, antenados, concordantes... 

Você diz "...o centro é o governo federal que da a linha para o modelo de desenvolvimento de nosso pais."

Pois não é isso mesmo?! Não foi esse o objetivo da mídia empresarial: jogar toda essa manifestação "pacífica" nas costas de Dilma? Afinal, 2014 não está tão longe assim, não é mesmo?

Até a própria Dilma caiu na esparrela e chamou para si a responsabilidade (se você pesquisar, vai encontrar articulistas fogo-amigo dizendo isso e repreendendo a presidenta).

Quanto aos "onze motivos para defenestrar Lula", isso é, de certa forma, ufanismo de militante que "nunca antes na história militou militar-mente", não é? Sério: eu, por mal exemplo, acho que a promessa de campanha de Lula 2002 mais difícil de ser cumprida é o combate à corrupção, programa de governo mais combatido. Pouca gente atenta pra isso, acho. E essa é uma das bandeiras que precisa ser encarada com maior empenho.

Dar Bolsas à tradicional família mineira ou à "mundiça" é fichinha; rende votos, consequente e naturalmente, mas pode encher a burra de certa gente até com Bolsa Proer que não vai adiantar nada. Banqueiros, barões do café-soçaite midiático e outras máfias do grande crime organizado tão defecando e andando pra dinheiro, já possuem pra mais de quanto precisam para deixar para as suas próximas cinco gerações.

O que eles querem mesmo, e são pressionados pelas madames patroas, é o Trono! As embaixadas na Europa, França e Bahia! No maior glamour!

Bom, acho que já tomei muito o seu tempo com essa lengalenga toda...

Tenha uma nova semana plena de paz e bastante proveitosa.

Mais uma vez grato pela atenção.

Fernando

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Oi Fernando
Obrigada pela resposta. 
Vamos continuar nos falando, ta?
Dirlene

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E mais...

Mensagem recebida por e-mail – Boletim ichtus@ichtus.com.br

Edificando o Povo de Deus pela Internet


Finanças – Aplicar






“O que havia recebido cinco talentos saiu imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco” (Mateus 25:16)

Acordei para um princípio desta parábola por causa de uma pesquisa. Ao entrevistar 100 homens entre os mais ricos do mundo, a pesquisa revelou alguns dados muito interessantes, especialmente no que se refere a generosidade. Mas, o que me saltou aos olhos, foi a frase “não guarde dinheiro que ele some, aplique”. Fiquei revoltado, achei um absurdo. Fui para a Biblia e percebi o seguinte: o servo reprovado foi o que guardou…

Ao meditar sobre isso, clamei por misericórdia e Deus me amou a ponto de me ensinar algo. A gente deve poupar, sim. Mas não guardar e acumular “apenas” pelo princípio de se sentir dono de alguma coisa. Poupar tem a ver com fazer uma reserva para o dia de inverno, não com apossar-se das coisas. Uma poupança proporcional ao rendimento é prudência e é bíblico, um acúmulo exagerado é diagnóstico de avareza.

Aplicar é fazer com que o dinheiro seja direcionado para algo que possa oportunizar novos ganhos. Isso pode ser feito comprando um bem que pode ser alugado, empreendendo algum negócio. Mas também pode ser aplicado no sobrenatural, investindo em missões, financiando estudo para pessoas carentes, em tudo que leva o Reino de Deus adiante.

É verdade que aplicar é fazer algo com o dinheiro que corra riscos. Mas risco e lucro andam juntos. Para quem tem alguma sobra, algum excedente, alguma folga no orçamento – depois que a reserva de segurança foi formada – cabe perfeitamente aplicar de forma proporcionalmente arriscada. Proporcional, sem exageros.

Aplicar é ter em mente que algo pode dar errado, mas também pode dar certo – depende de onde nossa fé (visão do invisível) se aplica, no positivo ou no negativo.

Aplicar é principalmente, e essencialmente, não se sentir dono do dinheiro e portanto, uma vez suprida a necessidade, arriscá-lo em algo que pode dar lucro. É um princípio de riqueza dito por ricos e bem sucedidos. É um princípio ensinado também na parábola dos talentos.

“Senhor, ensina-me a andar de maneira que eu possa prosperar, não necessariamente enriquecendo, mas tendo provisão e sustento abundante para que eu possa aplicar.”

Mário Fernandez

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

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