segunda-feira, 24 de junho de 2013

PT radical chic, bonitinho mas ordinário...

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(O ex-humorista Marcelo Madureira em Os sem-vergonha de ser militante do PSDB)


Fernando Soares Campos




Certa feita, um dos nossos leitores, criticando este nosso blog, disse que nós éramos apenas “blogueiros chiques”. Chiques?! Ah, entendi, ele quer dizer “esquerda festiva”, como qualificavam a patota do velho Pasca. Não demos bola ao perna-de- pau. Semanas depois, ele mesmo mandou essa:

Dom Fernando, a prática desta Literatura joyciana, borgiana, flaubertiana lhe deve ser muito desgastante... vives um momento biológico de queima rápida de neurônios. De onde pode vir tanta regurgitação e verve para um homem só - na maturidade, quase decrepitude [Eu não mereço tanto mas também não agradeço] - conseguir criar o nome de uma agência chamada PressAA. Coisa de gênio. Como se não o fora essa retranca Assaz Atroz... quantas horas, quantas noites, quantos neurônios consumidos para obra tão relevante no conjunto das grandes criações universais.

Nosso grito de alerta, Dom Fernando, está na hora de uma autobiografia... Seja generoso com o mundo das letras... (Nosso Doktor Ferencz recomenda a suspensão por algumas horas da mardita da cacha ça... ele não consegue saber se o seu vermelhão é lulístico ou de raiva mesmo...)

Respondemos. Está tudo aí, ó...

Em se tratando dos neurônios, eu também já tive essa sua preocupação,tempos atrás. Ou seja, achava que neurônios eram consumidos como, por exemplo, o doutor Hannibal fazia com seus inimigos explícitos e os ocultos também. Neurônios não são consumidos, são utilizados, cansam-se, descansam e voltam renovados, para novas batalhas.”

(A resposta completa pode ser lida clicando na frase linkada)


Recentemente...

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz um balanço dos 10 anos de administração federal liderada pelo PT nesta entrevista concedida a Emir Sader e Pablo Gentili, disponibilizada aqui pela “Carta Maior” e que abre o livro “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma” (Editora Boitempo, 2013). 
 “O NECESSÁRIO, O POSSÍVEL E O IMPOSSÍVEL”



[Trecho]

Por que seu governo provocou tanta reação da elite e da mídia? A reação das oposições aos governos do PT não é desproporcional, tendo em vista os resultados que foram apresentados?

Em 1979, eu era possivelmente a única unanimidade nacional no movimento sindical, quando surgiu a bandeira de luta pela liberdade de organização política. E eu lembro que, pela primeira vez num comício lá em São Bernardo do Campo, num comício com o PMDB, eu falei na criação do Partido dos Trabalhadores. Mas, para as pessoas que estavam em cima do palanque, a “liberdade política” não era para criar outros partidos. Era para consagrar o PMDB, o partido em que todos nós, um dia, estivemos juntos contra o regime militar. E quando nós nascemos, o que diziam de nós? “Não é possível ter um partido com as características do PT, um partido criado por trabalhadores, dirigido por trabalhadores. Isso não é real, isso não está escrito em nenhum lugar do mundo. Como é que vão agora esses metalúrgicos aqui do ABC, esses bancários, esses químicos, criar um partido?” E nós criamos o partido. Depois, eles achavam que nós não passaríamos de uma coisa pequenininha, bonita e radical. E nós não nascemos para sermos bonitos, nem radicais. Nós nascemos para ganhar o poder.

Mas vocês nasceram radicais...

O PT era muito rígido, e foi essa rigidez que lhe permitiu chegar aonde chegou. Só que, quando um partido cresce muito, entra gente de todas as espécies. Ou seja, quando você define que vai criar um partido democrático e de massa, pode entrar no partido um cordeiro e pode entrar uma onça, mas o partido chega ao poder.

Então, a nossa chegada ao poder foi vista por eles não como uma alternância de poder benéfica à democracia, não como uma coisa normal:houve uma disputa, ganhou quem ganhou, leva quem ganhou, governa quem ganhou e fim de papo. Não é isso? Eles não viram assim. Quer dizer, eu era um indesejado que cheguei lá. Sabe aquele cara que é convidado para uma festa, e o anfitrião nem tinha convidado direito. Fala assim: “Se você quiser, passa lá”. E você passa e o cara fala: “Esse cara acreditou?”.Então, nós passamos na festa, e o que é mais grave, acertamos.

E depois, tentaram usar o episódio do “mensalão” para acabar com o PT e, obviamente, acabar com o meu governo. Na época, tinha gente que dizia: “O PT morreu, o PT acabou”. Passaram-se seis anos e quem acabou foram eles. O DEM nem sei se existe mais. O PSDB está tentando ressuscitar o jovem Fernando Henrique Cardoso porque não criou lideranças, não promoveu lideranças. Isso deve aumentar a bronca que eles têm da gente –que, aliás, não é recíproca.

Leia a íntegra da entrevista clicando AQUI:


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Mino Carta: PT gostou do queijo e caiu na armadilha


O PT ficou para trás [?]

Fosse aquele anterior à eleição de Lula, hoje cavalgaria o agito popular

por Mino Carta

O Brasil vive um momento de desencontros e esperanças, nem todas bem-postas. Primeiríssima entre estas a da mídia nativa, chega a sustentar que as atuais manifestações de rua se assemelham àquelas pelo impeachment de Fernando Collor. Má informação e delírio são alguns dos atributos do jornalismo pátrio.

Quando a Globo mobilizou uma juventude carnavalizada para solicitar a condenação do presidente corrupto, o próprio já havia sido atingido fatalmente pelas provas das ligações entre o Planalto e a Casa da Dinda, levantadas pela IstoÉ.

Seu destino estava selado com ou sem passeatas. No mais, é do conhecimento até do mundo mineral que imaginar a derrubada de Dilma Rousseff naufraga no ridículo. [AA: Mas até que tentaram: redações de telejornalismo plantaram repórteres no jardim do Palácio do Planalto e incitaram o povo a invadi-lo. Debalde. Porém conseguiram que a turba enfurecida, as “minorias radicais”, depredasse o Itamaraty.]

Impávida, a mídia nativa, depois de recomendar repressão enérgica contra os baderneiros, percebeu a possibilidade de enganar os incautos ao sabor da sua vocação e tradição, e agora afirma com a devida veemência o caráter antigovernista das manifestações. Mira-se logo nas próximas eleições.

(Leia artigo completo clicando AQUI)



Uma coisinha radical chic, bonitinha mas ordinária...

Em 1982, eu morava em Taubaté, interior de São Paulo. Lula era candidato a governador, e eu não perderia por nada o comício daquela noite; afinal, aqueles sindicalistas radicais conseguiam abonar meu contracheque, pois suas reivindicações e conquistas funcionavam, na época, com efeito cascata, ou seja, quando os sindicalistas do ABC, únicos a fazer movimento grevista, ganhavam reajustes salariais, todo trabalhador Brasil adentro também tinha que ser reajustado. Era o que determinava a legislação trabalhista na época. E nós, pacíficos e ordeiros empregados em empresas multinacionais, agradecíamos aos céus a luta daquela peonada.

No final do comício, comprei uma camiseta do partido e, junto com a minha mulher-companheira, subi ao palanque, a fim de pegar o autógrafo do companheiro Lula. Ele autografou a camiseta. Achei interessante a sua rubrica: no final da letra “a”, uma linha traçada para o alto cortava a letra “l”, formando um “t”. E ficava mais ou menos como nessa ilustração que fizemos:


LUTA

Em 1983, decidi regressar para minha terra natal, no sertão alagoano. Cheguei lá trajando a camiseta autografada por Lula. O comentário mais animador que meus amigos de infância e juventude fizeram foi: “Home, isso aí num tem futuro não! Aqui quem manda são os coronéis. Tu num sabe disso?!”. Eles estavam vendo pela primeira vez uma camiseta do PT ao vivo e em cor vermelhona. Eu me lembrava das opiniões dos meus colegas de trabalho no escritório da Av. Europa, na capital paulista, os quais diziam: “Eles estão sendo apoiados por intelectuais de esquerda, é um partido pequeno, radical...”. 

Hoje, o prefeito de minha cidade natal, lá no meio da caatinga, é do PV. E o Gabeira até já deu uma esticadinha até lá pra comer uma buchada, jogar miolo de pote pros cabras e desenterrar uma botija de voto.

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O saudoso Henfil dizia que existem pessoas tão corruptas que até roubam o pê da palavra corrupção: “Pronunciam ‘corrução’”.

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Os anos se passaram aos trancos e barrancos. Lulalá passou oito verões e conseguiu eleger Dilma para umas temporadas de primavera (epa!).

Entre as promessas de campanha de Lula a Dilma, a mais difícil de ser cumprida era o combate à corrupção, porque...

Corrupção não se combate apenas com gritos de guerra em manifestações de rua. É preciso desenvolver técnicas especiais de investigação, ter vontade política e firmeza para executar as ações necessárias. Via de regra, é briga contra cachorro grande - afinal, os criminosos são políticos, governadores, prefeitos, secretários, empresários, advogados, gente graúda e influente. Feito o serviço de investigação e prisão, o resto será por conta do Judiciário, que é outro poder, que não se submete ao controle do Executivo.

Vejamos, então, o que aconteceu nos últimos 10 anos...



(Recebido por e-mail da lista de nosso correspondente Hélder Câmara)

Luiz Antonio Albieiro

Filhos das honestas classes média e alta, que cultivam valores éticos, que não sonegam impostos e que não se deixam corromper nem molham a mão do guarda, que respeitam fila e não excedem a velocidade no trânsito - enfim, dessa gente que cumpre a lei com rigor - foram às ruas bradar contra "toda a corrupção desse governo".

Esses meninos, que passaram os melhores anos de sua infância e pré-adolescência eliminando monstros alienígenas no videogame e tcl msg (teclando mensagens) nas redes sociais, de repente se deram conta de que "nesse governo" há corrupção. Coisa nova para eles, que decerto creem ser algo nunca antes havido na história deste país, e de país algum. Não identificam a qual governo se referem, se federal, estaduais ou municipais, mas é de se supor que sua artilharia esteja voltada para o da presidenta Dilma, por ser o mais visível de todos.

O que não sabem esses valorosos meninos e meninas, valentes guerreiros dispostos sinceramente a mudar o Brasil (o vandalismo é coisa de um pequeno grupo, sabemos), que dizem ter acordado agora para a dura realidade, é que desde o governo do presidente Lula a Polícia Federal vem combatendo duramente a corrupção. Toda semana, praticamente, há notícias de operações que levam legiões de corruptos e sonegadores de impostos para a cadeia. Ontem mesmo, por exemplo - ontem, 20 de junho de 2013 -, a Polícia Federal desmantelou uma quadrilha de fraudadores do INSS. Cinco pessoas foram presas, quatro delas servidores públicos.

Não devem saber esses garotos, também, até porque não tinham idade para isso, que desde sua criação até a posse de Lula a Polícia Federal vivia numa letargia profunda, desaparelhada e mal remunerada. Mal se ouvia falar da corporação. Basta ver que, no primeiro ano do mandato do ex-presidente (2003), a PF realizou apenas 9 operações, que resultaram em 223 prisões. Não bastava, porém, aparelhar a Polícia Federal e inspirar-lhe a vontade política para passar a agir. Foi necessário primeiro higienizar a corporação. Naquele primeiro ano, foram presos 39 policiais federais, entre 122 servidores públicos mandados para a cadeia.

(...)

“O governo federal falha na comunicação, não divulga, não faz propaganda do excelente trabalho da Polícia Federal. Penso eu que haja uma crença ingênua de que basta a notícia veiculada pela mídia para que a informação seja totalmente compreendida. Não é bem assim. O volume de notícias a respeito acaba por despertar nos espíritos das pessoas a falsa ideia de que "a corrupção aumentou", quando o que aumentou, e em grande intensidade, foi justamente o combate à corrupção.[AA: E com isso, aumentou ainda mais... “o combate ao combate à corrupção”]


(Leia artigo completo clicando no título ou AQUI)

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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA


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