sábado, 28 de julho de 2012

Apareceu o novo e, provavelmente, verdadeiro documento que comprova o valerioduto tucano

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Fernando Soares Campos


Existem várias versões sobre a legitimidade ou falsidade da “Lista de Furnas”, aquela distribuída no início de 2006 pelo lobista e estelionatário Nilton Monteiro, que, segundo o jornal Estado de Minas, responde a 97 processos por estelionato, falsidade ideológica e de documentos públicos e formação de quadrilha nos tribunais de Justiça de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF)”.

. O “documento” relaciona 156 políticos, a maioria deles pertencente aos quadros do PSDB e PFL (atual DEM), que teriam recebido dinheiro para suas campanhas políticas em 2002. Dinheiro proveniente de propinas pagas por empresas colaboradoras, fornecedoras e prestadoras de serviços, relacionadas com a estatal Furnas Centrais Elétricas, no governo do sociopata Fernando Henrique Cardoso. As propinas teriam sido arrecadas por Dimas Toledo, diretor de obras de Furnas, diretoria essa que lidava com as inspeções de controle de qualidade sobre os serviços prestados por empreiteiras que trabalhavam em obras empreendidas por Furnas. E aí é fácil, sim, arrancar dinheiro dessa gente. E não dá para duvidar que Dimas Toledo não tenha arrecadado e distribuído as propinas com a maioria dos políticos relacionados na tal “Lista de Furnas”.

Mas há um “porém” nessa história.

Lembram-se dos petistas que Lula chamou de “aloprados”, por terem caído numa armadilha preparada por elementos ligados ao PSDB? Hoje essa história dos aloprados está esclarecida: foi a quadrilha do Cachoeira que armou a arapuca contra o PT, usando falsos petistas, que foram presos, mesmo sem terem cometido crime algum, e soltos em seguida. Eram infiltrados, que se diziam influentes no partido, mas que não passavam de elementos de pouca importância dentro da agremiação.

O “porém”, no caso das planilhas de Furnas, está no fato de terem sido divulgadas por um conhecido 171, o Nilton Monteiro, e, também muito provável, ter sido ele assessorado, ou estimulado, com promessas de recompensa, por Rogério Correia, deputado estadual do PT de Minas Gerais. (Este não parece ser simplesmente “aloprado”, mas, sim, um político malandro, exasperado, acostumado a mandar “fogo amigo” contra autoridades do próprio governo petista.)

No site “Polícia Federal – Agência de Notícias” há uma postagem intitulada “Apelo à comissão de ética”, de dezembro de 2011..

 A matéria é aberta com a seguinte epígrafe: “Representantes do PSDB, PPS, PP e DEM pedem à Assembleia Legislativa [MG] para investigar a participação do deputado Rogério Correia (PT) na elaboração do documento forjado [a “Lista de Furnas”].

E encerra com este parágrafo: “Documento de cinco páginas com supostas contribuições de campanha não contabilizadas a 156 políticos nas eleições de 2002. As denúncias de irregularidades se baseiam em transcrições de gravações em que o assessor do deputado Rogério Correia (PT) Simeão de Oliveira e o ex-deputado Agostinho Valente (PDT) aparecem conversando com Nilton Monteiro sobre a elaboração da lista. Segundo representantes dos partidos citados, ‘a lista seria uma trama para constranger e caluniar adversários políticos’”.

Quando a tal “Lista de Furnas” foi tornada pública na internet, a militância petistas e simpatizantes do governo Lula comemoraram: “Aí está a podridão dessa gente que ataca o PT!”

Ora, podridão mesmo a gente já acompanhava pela internet lendo as matérias que desnudam a Era FHC e tratam das corrupções nos casos de privatização das empresas estatais, agora ainda mais esclarecidas no livro “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Jr. A “Lista de Furnas” é fichinha, se levarmos em conta do que o governo FHC do PSDB foi capaz.

Se for comprovado mesmo que o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) encomendou a falsificação da lista ao estelionatário Nilton Monteiro, pode ter a certeza de que este, antes de aprontar o serviço e distribuir a falsificação, consultou alguém da oposição (do PSDB ou do PFL, ou de ambos), passando a informação da “encomenda” e esperando uma contraproposta. Um sujeito desses “trabalha” para qualquer um, principalmente para quem lhe pagar mais. (Quando foi preso, ofereceram-lhe o benefício da delação premiada, mas nem assim o cara abriu o bico, pois quem tem “asterisco” tem medo).

Apostando na impunidade, os demotucanos deixaram correr solto, até gostaram da “brincadeira”, não fizeram nada para impedir o “trabalho” de Nilton Monteiro e de quem quer que o tenha encomendado. (O estelionatário não faria aquilo gratuitamente, nem por “vingança”, nem para oferecer munição aos petistas, que ainda estavam acossados pelas denúncias do “mensalão”.) A oposição sabia que a Polícia Federal já estava investigando o valerioduto tucano, o esquema que irrigou a campanha de Eduardo Azeredo para reeleição ao governo de Minas em 1998. E aquele “trabalho sujo” de Milton Monteiro viria a calhar, tumultuaria tudo.

Mas vamos continuar fazendo nossas “elucubrações” sobre o caso.

Cientes de que a tal “Lista de Furnas” divulgada pelo falsário Nilton Monteiro era um engodo que misturava verdades (Dimas Toledo era realmente um arrecadador e distribuidor de propinas para alavancar campanhas eleitorais, sim) e mentiras (a tal lista relaciona pessoas que não participaram do processo eleitoral de 2002, como se estas tivessem recebido dinheiro para suas campanhas; também se atribui a sua elaboração ao ano de 2002, porém existe empresa “doadora”, incluída na lista, mas que ainda nem existia naquele ano; portanto, a lista deve ter sido feita mesmo no final de 2005, início de 2006), pois bem, ciente disso, a oposição falou grosso: “É tudo falso!”, “Foi tudo feito pela ‘cúpula’ do PT para desviar o foco do ‘mensalão’!” “Provem!”

Escrevi em fevereiro de 2006, no diário iberoamericano La Insígnia, editado em Madri:

“A Oposição, por diversas ocasiões nas duas últimas semanas, denunciou que a divulgação da lista de Furnas teria sido uma manobra do PT, associou os seus distribuidores e divulgadores aos quadros do partido. Acusou o PT de ter divulgado a lista através da internet. Também pressionou a Polícia Federal a se manifestar sobre a legitimidade da tal lista. Ou seja, exigiu que o ministro Márcio Thomaz Bastos fosse irresponsável e se adiantasse informando que a lista teria, pelo menos, fortes indícios de autenticidade. O que não seria difícil fazê-lo, pois se trata de um documento autenticado e com a assinatura do autor reconhecida em cartório. Nos últimos dias, fizeram manobras para arrancar de políticos do PT declarações precipitadas, nas quais estes assumissem que acreditavam na legitimidade lista. No entanto, os petistas se portaram decentemente, defendendo o princípio da presunção de inocência. A oposição está inconformada com a forma cautelosa adotada pelo PT. (Leia o pronunciamento do senador Aloizio Mercadante na tribuna do Senado, em 07/02, artigo "Droga de lista, excelências!", La Insignia.) [Artigo intitulado “A lista é golpe”, 2006 – que pode ser lido em Mensalões e canastrões - a ópera bufa de Roberto Jefferson et caterva”]

A pressão para que o PT declarasse que a lista seria autêntica ou não

Em 07/02/2006, o senador Arthur Virgílio, em pronunciamento na Tribuna do Senado, desafiou o senador Aloisio Mercadante a dar sua opinião sobre a autenticidade ou não da “Lista de Furnas”

Trecho do pronunciamento do senador Arthur Virgílio:

Quero perguntar ao Líder Aloizio Mercadante algo bem simples: o Líder concorda? Acha que é verdadeira a lista de Furnas? Acha que aquilo é uma falsidade parecida com o Dossiê Cayman ou acha que é verdadeira a lista de Furnas? Quero essa opinião exposta com clareza para que façamos aqui o que S. Exª sempre chama, com muita elevação, de debate qualificado. Vamos fazer o debate qualificado sobre essa questão que envolve até o caráter, como enfrentamos a luta política.”

Claro que, se Mercadante declarasse que a lista era verdadeira ou falsa, em qualquer das hipóteses, Arthur Virgílio vibraria. Mas vibraria bem mais arrogante se o senador petista, de cúpula, afirmasse que a lista era “verdadeira”, pois provariam a falsidade do documento, apontando os seus erros. Mas não arrancaram uma só palavra, nesse sentido, de qualquer petista ou autoridade do governo Lula.

Vejamos alguns trechos do pronunciamento do senador Aloísio Mercadante, em resposta a Arthur Virgílio:

Sr. Presidente, um convite feito pelo Líder Arthur Virgílio, evidentemente, tem de ser considerado e acatado. É uma honra para mim poder falar e, sobretudo, tratar de um tema como esse que diz respeito a vários Parlamentares desta Casa.”

(...)

“Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não vi, ao longo de todo esse processo, em nenhum momento, qualquer liderança do meu Partido apresentar essa lista para atacar membros da Oposição. Não o vi, não o vi. Tampouco posso aceitar essas críticas que estão sendo feitas ao Ministro da Justiça. O Ministro Márcio Thomaz Bastos, não só por essa longa vivência como advogado militante de direitos humanos, de direitos da cidadania, tem-se portado sempre com muito equilíbrio e com muita responsabilidade, dizendo que a Polícia Federal não vai proteger, nem poupar quem quer que seja. E a Polícia Federal tem dado exemplos de firmeza, de isenção, investigando toda e qualquer denúncia que lhe é apresentada, com todo o rigor necessário.”

(...)

“Essa denúncia sobre essa suposta lista de Furnas foi apresentada, ao que me consta, pelo Sr. Nilton Monteiro, que foi chamado a depor no dia 29 de agosto, em um inquérito que corre na Justiça Federal do Rio de Janeiro, responsável pela apuração dessa suposta lista, que foi encaminhada ao Instituto Nacional de Criminalística, que está procedendo às apurações. Destaco que o único fato que trouxe essa lista ao debate público foi o depoimento à Polícia Federal do Sr. Roberto Jefferson, que disse ter recebido a quantia mencionada na lista e que, portanto, trouxe a público a discussão desse episódio.”   

(...)

(O senador Antonio Carlos Magalhães solicita um aparte.)

“O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL – BA) – V. Exª é cuidadoso, mas diz que acredita que não. Posso garantir que é falsa e disse isso ao Ministro Márcio Thomaz Bastos hoje. Dele ouvi a resposta que V. Exª está dando, que não me convence muito, embora minha amizade com S. Exª seja muito grande. Mas uma coisa é importante: V. Exª já acredita em Roberto Jefferson.”
“O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT – SP) – Senador Antonio Carlos Magalhães, não ponha palavras que eu não disse na minha boca. Por sinal, quem, o tempo inteiro, tratou Roberto Jefferson como uma fonte fidedigna foi a Oposição e não nós.”

Para quem tiver tempo e paciência, acesse e leia os pronunciamentos dos senadores Arthur Virgílio e Aloisio Mercadante:



A oposição provocou, em diversas ocasiões, para que os petistas “de cúpula” afirmassem categoricamente, ou mesmo em meias palavras, que a “Lista de Furnas”, conforme a divulgação feita pelo lobista falsário Nilton Monteiro, seria verdadeira em todos os seus aspectos. Mas isso não ocorreu em momento algum, e os demotucanos espumaram de raiva. Eles sabiam que estavam blindados pelo PIG – Partido da Imprensa Golpista –, que praticamente não tratava do assunto nos telejornais, que é a informação no atacado, para o grande público. Somente uma vez fizem um arremedo de reportagem sobre o caso do valerioduto tucano oriundo de Furnas, mesmo assim abordaram de tal forma que, bem sei, grande parte dos telespectadores acreditou que a matéria tratava do “mensalão petista”. Escrevi sobre isso também: “O Dimasduto e os telejornais".

“Lista de Furnas” de 2002?! Ora, o buraco é bem mais embaixo

Agora, talvez, tudo venha a ser esclarecido.



“Valerioduto – O ministro Gilmar Mendes aparece entre os beneficiários do caixa 2 da campanha da reeleição de Eduardo Azeredo em 1998, operado por Marcos Valério”

(...)

A lista está metodicamente organizada. Sob o enunciado “Relatório de movimentação financeira da campanha da reeleição do governador Eduardo Brandão de Azeredo”, são perfilados em ordem alfabética doadores da campanha e os beneficiários dos recursos. São quase 30 páginas, escoradas em cerca de 20 comprovantes de depósitos que confirmam boa parte da movimentação financeira. Os repasses foram feitos por meio do Banco de Crédito Nacional (BCN) e do Banco Rural, cujos dirigentes são réus do “mensalão”petista.

Esse pacote de documentos foi entregue na quinta-feira 26 à delegada Josélia Braga da Cruz na Superintendência da Polícia Federal em Minas Gerais. Além de Mendes, entre doadores e receptores, aparecem algumas das maiores empresas do País, governadores, deputados, senadores, prefeitos e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A papelada desnuda o submundo das campanhas eleitorais inalcançado pela Justiça. Há registros de doações de prefeituras, estatais e outros órgãos públicos impedidos por lei de irrigar disputas políticas.

Os pagamentos foram feitos pela SMP&B Comunicação, empresa do ecumênico Marcos Valério de Souza. Todas as páginas são rubricadas pelo publicitário mineiro, com assinatura reconhecida em cartório no final do documento datado de 28 de março de 1999. Há ainda uma declaração assinada por Souza de 12 de setembro de 2007 e apresentada à Justiça de Minas Gerais. Souza informa um repasse de 4,5 milhões de reais a Azeredo. Intitulado “Declaração para fins de prova judicial ou extrajudicial”, o documento de apresentação assinado pelo publicitário afirma que o depósito milionário a favor de Azeredo foi feito “com autorização” dos coordenadores financeiros da campanha tucana Cláudio Roberto Mourão e Walfrido dos Mares Guia. As origens da quantia, diz o texto, são o Banco do Estado de Minas Gerais (BRMGE), Banco Rural, COMIG (atual CODEMIG, estatal de infraestrutura mineira), COPASA (companhia estadual de saneamento), Loteria Mineira (estatal de loterias) e as construtoras Andrade Gutierrez e ARG, “conforme declaração de reembolso assinada pelo declarante”.

Segundo a papelada, Souza afirma ter elaborado a lista em comum acordo com Mourão, principal tesoureiro da campanha de Azeredo, no mesmo dia 28 de março de 1999 que consta ao lado de sua assinatura. Chamada formalmente de “Relatório de movimentação financeira”, a lista teria sido montada “sob a administração financeira” das agências SMP&B Comunicação e DNA Propaganda. No fim, o publicitário faz questão de isentar o lobista Nilton Monteiro, apontado como autor da famosa lista de Furnas, de ter participado da confecção do documento. [Nota Assaz Atroz: Claro que não participou deste documento agora apresentado. Isso aí está muito além do alcance de um sujeito como ele.]

Monteiro provavelmente tem alguma ligação com a história. Há muitas semelhanças entre os dois documentos. A lista de Furnas, cuja autenticidade foi comprovada pela perícia técnica da Polícia Federal [Nota Assaz Atroz: Conforme pesquisas nossas em sites de busca, encontramos várias alegações de que a PF nunca comprovou a autenticidade da “Lista de Furnas”, em conformidade com o que Milton Monteiro divulgou pela internet e cópias xerográficas distribuídas. Fala-se que, ao ser pressionado a apresentar documentos originais, Monteiro os teria falsificado, aperfeiçoando-os em detalhes, e os entegou à PF, mas que não batem com as cópias anteriormente divulgadas], igualmente trazia uma lista de nomes de políticos, a maioria do PSDB e do ex-PFL (atual DEM), todos beneficiados por recursos de Caixa 2. Além de Monteiro, assinava o documento Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas, que até hoje nega ter rubricado aqueles papéis. A diferença agora são os comprovantes de depósitos, as autenticações em cartório e uma riqueza de detalhes raramente vista em documentos desse tipo.

(Leia completo clicando AQUI

Minha “teoria” (ou “especulações”) sobre a divulgação da "Lista de Furnas" pode ser considerada delirante, como já me disseram, mas disseram apenas assim, “delirante”, não me apresentaram nada mais esclarecedor. Entretanto, onde encontrar esclarecimento de verdade sobre o caso da divulgação da “Lista de Furnas” pelo falsário Nilton Monteiro se o próprio Judiciário e as autoridades policiais não têm certeza de nada?

Agora, com esse novo documento, vamos ver se o PIG se manifesta.
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Leia também...


“Reportagem de Carta Capital mostra destinações à mídia de dinheiro do caixa dois da campanha de reeleição de  Eduardo Azeredo, em 1998; Abril, de Roberto Civita, teria recebido duas de R$ 49,5 mil cada; jornais mineiros e de Brasília na lista."

(Clique no título e leia nota no site BRASIL! BRASIL! )
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA

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