segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Suplicy pode falar com Dilma via Yaoni Sanchez

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Leia o popa do Papa em La Pupila Insomne

El Papa critica “la dictadura de los medios de comunicación”

Dilma e os cubanos presos nos EUA

por Mário Augusto Jakobskind*

Quando se aproxima a visita do Papa Bento XVI a Cuba, já se falando inclusive de um possível encontro entre o chefe da Igreja Católica e Fidel Castro, um tema pode entrar na pauta de discussões: os quatro cubanos presos nos Estados Unidos. O que seria o quinto foi solto, mas impedido de voltar para Cuba durante três anos.

Além de terem sido condenados sob a absurda alegação de serem espiões, os cinco foram julgados sob pressão de extremistas vinculados a grupos do exílio cubano em Miami mobilizados há anos com o objetivo de desestabilizar o governo da ilha caribenha.

O cubano solto e sem poder regressar para o seu país de origem, além de ser obrigado a usar um objeto eletrônico no tornozelo para controle de seus passos, continuará vivendo por três anos na mesma cidade onde moram os extremistas responsáveis por atentados ocorridos em Cuba e que foram denunciados exatamente pelos cinco. Trata-se de uma das maiores aberrações jurídicas no mundo nos últimos tempos.

O senador Eduardo Suplicy, do PT de São Paulo, assumiu compromisso público de sugerir que a Presidenta Dilma Rousseff peça ao Presidente dos Estados Unidos Barack Obama que faça justiça e ordene a libertação deles. É difícil, mas tentar não custa, apesar dos votos de Miami que Barack Obama quer abocanhar.

A promessa foi feita durante o o lançamento do livro de Fernando Morais, Os últimos Soldados da Guerra Fria, realizado por ocasião do Fórum Social Mundial Temático, em Porto Alegre, no Sindicato dos Bancários. A sugestão foi aplaudida pelos presentes, um deles o ex-Governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra.

Suplicy achou a ideia “excelente” e se comprometeu a falar com Dilma Rousseff sobre o tema, bem como fazer um pronunciamento no Senado em favor dos cinco cubanos presos nos Estados Unidos. Aguarda-se então que o parlamentar cumpra sua palavra.

Não custa nada lembrar a Suplicy da importância de Dilma Rousseff fazer a sugestão a Obama, com quem se encontrará no próximo dia 14 de abril, pois com uma canetada do Presidente da República os cinco poderão voltar para Cuba imediatamente.

Quem quiser se comunicar com o senador petista para lembrá-lo pode mandar um correio eletrônico para eduardo.suplicy@senador.gov.br ou então pelo telefone (61) 3303-3213 ou fax (61) 3303-2816.

Dilma Rousseff agora tem de mostrar que o seu governo não está sendo submetido a pressões, como alguns acreditam acontece. Tal argumento é levantado, sobretudo depois do voto do Brasil na Organização das Nações Unidas ao lado dos Estados Unidos, Reino Unido, França etc culpando apenas o governo sírio pelo banho de sangue que acontece naquele país árabe, absolvendo totalmente a oposição, que segundo denúncias estaria recebendo ajuda de forças estrangeiras dos EUA a Al Qaeda, passando pelo Mossad e M-16 britânico.

Já o Ministério do Exterior russo informou, através do porta-voz Alexánder Lukashévich, que o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que informa diariamente ao Ocidente sobre os acontecimentos na Síria, é integrado por duas pessoas, o diretor R. Abdurajmán e um tradutor. Ambos vivem em Londres e o diretor é proprietário de uma cafeteria. Fica como sugestão de pauta para os jornalões entrevistarem o “bem informado” Abdurajmán.

Outro tema que de um modo geral a mídia de mercado tem ignorado são os recentes acontecimentos na Líbia, onde o país retornou à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, depois de excluído nos últimos meses do governo de Muammar Kadafi.

O representante do Conselho Nacional de Transição fez um pronunciamento nesta esfera posicionando-se contra os gays, dizendo que esse grupo é pernicioso à humanidade. Na prática, o governo líbio imposto pela OTAN está reforçando a homofobia.

Como se não bastasse, notícias procedentes da Líbia dão conta que seguem as violações dos direitos humanos praticadas pelo governo títere da OTAN. Há informações segundo as quais os 35 mil habitantes da localidade de Tauerga, a maioria negros, vivem atualmente em campos de refugiados. Estão sendo vítimas das milícias de Misrata por terem apoiado Muammar Kadafi.

Os líbios de Tauerga descendem de escravos levados à Líbia no século XVIII. Eles são agradecidos a Kadafi por terem as suas condições de vida melhorada. O governo anterior possibilitou aos habitantes da cidade, que dista pouco mais de 30 quilômetros de Misrata, educação e ainda por cima tiveram integrantes nomeados para altos postos no Exército.

Durante a guerra civil combateram contra Misrata, cujas milícias agora estão cometendo atrocidades sob o beneplácito dos dirigentes líbios atuais e o silêncio da aliada Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Outro fato que indica como está a situação no país bombardeado durante mais de oito meses pela OTAN é o de uma jornalista. Hala Misrati, de 31 anos, apresentadora de TV, conhecida defensora do governo Kadafi, foi presa pelo governo do Conselho Nacional de Transição e assassinada depois de sofrer torturas e estupros, segundo relato de jornalistas.

Misrati era militante e quando da captura de Trípoli pelo CNT apareceu na TV desafiando de arma na mão os que tomavam o poder com a ajuda da OTAN. Agora, para se vingar, os “democratas” líbios a assassinaram. O atual governo confirmou a morte da jornalista, mas sem entrar em detalhes.

Pode-se imaginar como serão as eleições na Líbia marcadas para o segundo semestre deste ano.

Enquanto isso, Israel anunciou a aprovação da construção de 500 casas adicionais na colônia de Shilo, localizada entre as cidades palestinas de Ramallah e Nablus, na Cisjordânia.

E o governo de Benyamin Nethanyahu continua a dizer cinicamente que almeja a paz. O troglodita que comanda Israel criticou o recente acordo da Al Fatah com o Hamas e usa o pretexto como justificativa para interromper qualquer tipo de negociação.

Trata-se de sofisma, porque na prática com a construção de novos assentamentos, Israel demonstra que não quer mesmo nenhum tipo de acordo. Muito pelo contrário, quer levar adiante o projeto bíblico da Grande Israel. E quem sofre com isso são os palestinos, um povo que há anos tenta em vão ter uma pátria livre e soberana.

E além do mais, setores da ultra direita de Israel, cujo representante mais notório é o atual Ministro do Exterior, Avigdor Lieberman, defendem um ataque ao Irã, É possível que estejam informados que o Hezbollah, segundo o professor Luis Alberto Moniz Bandeira, possui 10 mil mísseis escondidos em residências particulares apontadas para Israel.

Como desprezam a vida humana, pode ser que queriam mesmo correr o risco.

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*Mário Augusto Jakobskind é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

Artigo recebido por e-mail da redecastorphoto

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"A terra dos faraós sempre foi muito forte no meu imaginário. Desde bem pequena as histórias de deuses e reis daquele distante lugar na África habitavam em mim por conta de uma “estranha” mania do meu pai, que era a de comprar livros de todos os vendedores que batiam às portas de casa. Naqueles livros vinham as mais loucas narrações dos mundos mais distantes, com seus mitos e belezas. Então, era essa terra que eu tinha na cabeça quando desembarquei no Cairo, três dias antes do aniversário da chamada “revolução” que depôs Hosni Mubarak depois de 30 anos de governo. Muito do que vivia em mim foi fortalecido e outras tantas coisas se agregaram, misteriosas e fortes. O que ficou de saldo foi a certeza de que esse país milenário tem uma gente brava, corajosa, crédula e apaixonada. Nas ruas, homens e mulheres reais falam sobre seus sonhos, suas esperanças, seus medos e seus mais secretos desejos de amor. O grande território de Misr (nome original do Egito), de mais de um milhão de quilômetros quadrados, é um espaço de esperanças, mas sem ilusões. As gentes sabem que nada está dado. Há ainda muita coisa para conquistar."

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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

PressAA

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