quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Margareth Tatcher para inglês ver

.




Filmes: "A Dama de Ferro" - OS NEOLIBERAIS TAMBÉM AMAM?

Filme pretende pintar um retrato humano de Margareth Tatcher, mulher que governou seu país durante 11 anos com mão de ferro e crueldade nunca antes vistas

André Lux*, crítico-spam

A ex-primeira ministra da Inglaterra, Margareth Tatcher, é uma espécie de musa máxima dos neoliberais, já que foi ela, em parceria com o presidente dos EUA na época Ronald Reagan, que implantou em seu país essa doutrina econômica que foi festejada pelas elites econômicas mundiais.

Como sabemos hoje, o neoliberalismo é a expressão máxima do capitalismo selvagem, na qual predominam a privatização (leia-se: doação) do patrimônio público, arrochos salariais, corte de gastos do governo com educação, saúde e qualquer outra coisa que cheira a “ser humano”, desregulamentação do mercado e perseguição brutal a sindicatos e organizações trabalhistas. O resultado dessa política desumana nós todos podemos sentir hoje na crise que assola o mundo e é resultado direto dessa doutrina que foi disseminada e implantada no resto do mundo por políticos de direita (inclusive no Brasil, durante os governos de Collor e Fernando Henrique Cardoso).

“A Dama de Ferro” pretende pintar um retrato humano dessa mulher que governou seu país durante 11 anos com mão de ferro e crueldade nunca antes vistas, ao ponto de seu próprio partido (Conservador) se voltar contra ela e retirá-la do governo numa virada de mesa engendrada por seus ex-aliados.

Mery Streep tem uma atuação que está sendo bastante elogiada e concorre novamente ao prêmio Oscar da indústria cultural estadunidense, porém na minha opinião não é tudo isso. Primeiro porque é uma atuação de fora para dentro, toda baseada em efeitos de maquiagem e na cópia dos tiques e sotaques de Tatcher. Segundo, porque o roteiro não lhe dá grandes cenas e concentra-se quase todo nos últimos anos da musa do neoliberalismo, quando já sofria de demência em estado avançado, ao ponto de passar a maior parte do tempo conversando com o “fantasma” do marido morto.

Por meio de esparsos flashbacks, o filme vai mostrando sua trajetória, desde a criação familiar (seu pai pobre porém conservador - vejam que paradoxo! - teve importância fundamental na formação do caráter de Tatcher, diz o roteiro) até sua primeira vitória para o parlamento. Nesse ponto “A Dama de Ferro” resvala em uma certa ingenuidade, pintando Tatcher como uma mulher determinada que venceu o preconceito e o machismo dos homens de seu partido impondo sua visão de mundo e conquistando suas vitórias políticas.



Na vida real não me parece que isso tenha ocorrido desta forma, pois a elite econômica que dominava a política na Inglaterra pode ter muitos defeitos, mas de bobos não tem nada. Assim, é muito mais provável que tenham enxergado na tola e crédula Tatcher uma maneira de seduzir uma parte do eleitorado que era arredio à nata da sociedade, na figura daquela mulher que, embora oriunda das classes inferiores, defendia com unhas e dentes os dogmas ideológicos que serviam para manter os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres (que é o objetivo máximo do neoliberalismo).

___________________________________________________

*André Lux, jornalista, presta assessoria na área de Comunicação Social, crítico-spam, administra o blog “Tudo em Cima”. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.

___________________________________________________

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

PressAA

.

Nenhum comentário: