terça-feira, 13 de julho de 2010

Orações de São Cipriano Atroz - atualizadas conforme o Novo Acordo Ortodoxo

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Por São Cipriano Atroz

Reflexão Impulsiva

Quando o Todo-Poderoso Roberto Marinho se sentiu o criador do Céu e da Terra Midiáticos, pensou, por um culhonésimo de segundo, que havia sido elevado ao posto de Supremo Rei do Universo. “Deus sou Eu!”. E foi exatamente naquele átimo de segundo que o homem abandonou o próprio corpo e partiu para o Olimpo, reclamando a posse do trono que alegava ter deixado vazio enquanto esteve na Terra para fazer o que nós, almas penadas, não fomos capazes de realizar.

O seu cadáver foi crucificado pelas línguas sujas dos botequins e ovacionado pelos hipócritas que durante muitos anos sentiram o frio do afiado fio da foice platinada encostando-se a seus pescoços.

Seu corpo morto e sepultado, o espírito desceu ao mundo dos mortos-vivos. Ressuscitou energizado pelos bajulatórios discursos da politicalha. Subiu ao Olimpo e tem, hoje, sentado à sua direita, o Deus-Pai, ex-Todo-Poderoso, agora aposentado. Deus Marinho um dia voltará para julgar os vivos-mortos e os mortos-vivos, pois não confia essa tarefa nem mesmo a um suposto filho.

[Não diga amém, diga caramba!]


Oração para exorcizar fantasmas da alienação

Eu, Cipriano Atroz, servo do Deus destronado, fiel aos seus princípios, a quem amo de todo o meu coração, garanto que me pesa por vos amar vivendo num mundo em que mais vale um minuto num telejornal de grande audiência do que a vida inteira ao lado dos amigos.

Porém reconheço que vós, meu Deus marginalizado mas eternamente meu Senhor, sempre vos lembrastes deste vosso ingrato servo Cipriano Atroz, que durante a primeira infância foi amigo-irmão do teu filho unigênito, Jesus, mas que, na sucessão de minhas pueris etapas existenciais, da segunda infância até esta atualmente vivida, passou a considerá-lo tão-somente um “boa-praça”, aquele de quem a gente só se lembra quando os pseudoamigos, que são os verdadeiros inimigos, mostram o pau com que matam as lombrigas que incomodam suas panças.

Agradeço-vos, meu Deus latente, de todo o meu coração, os benefícios que de vós sempre recebi durante toda a minha existência, mesmo que de forma clandestina, como eu sempre gostei, porém acanhado, para que ninguém soubesse que sou teu seguidor. Pois agora, ó Deus das criaturas pueris, dai-me força e fé para que eu possa desligar tudo quanto involuntariamente liguei, aquilo que equivocadamente invoquei, sempre em vosso santíssimo nome, mas nem sempre com uma santificada intenção.

É certo, ó Deus do banco de reserva, que me declaro vosso verdadeiro servo e vos considero titular, dizendo-vos: “Deus, forte e poderoso, que morrestes no cadafalso de Jacarepaguá, onde o Deus em exercício tem altar banhado a ouro, como os templos da Bahia e Minas, louvado sejais para sempre!” [Atire contra o espelho um bibelô dourado em forma de bezerro.]

Ó Deus relegado ao posto de quebra-galho, vós vistes as malícias deste vosso servo Cipriano Atroz, as tais malícias pelas quais fui conduzido durante uma eternidade relativa, debaixo do poder golpista de(a) [citar o primeiro nome que assomar à sua atrofiada mente], quando eu ainda não tinha noção do que representava o vosso santo nome e ligava as mulheres a delicioso “pecado”, ligava as nuvens do céu à realidade celestial, ligava a imensidão das águas do mar a reles tsunamis. Vós bem sabeis que, pelas minhas malícias, minhas pequenas e grandes malícias, ligava as mulheres prenhes à “irresponsabilidade” de pobre parir, e tantas outras ligações que fiz entre preconceitos e conveniências, sempre em teu nome, sem notar que Belzebu usava as mais sutis das camuflagens para assumir a tua imagem, e eu caía aos pés daquele altar como um esperto otário feliz.

Agora, ó Deus em mim redivivo, que durante muitos anos foi colocado na condição de Deus alternativo, está na hora de Vós seres reconduzido ao trono, desmascarando culpados pela nova ordem universal ditada pelo Deus em exercício e operada pelos seus capachos, vampiros travestidos de anjos barrocos. Invoco o teu esconso poder, a fim de que sejam desfeitas e desligadas as bruxarias e feitiçarias, venham das máquinas ou do corpo dessa maquiavélica criatura [cite o nome de quem você acaba de se lembrar]. Pois vos chamo, meu Deus escanteado, para que, com o teu poder, rompais todos os ligamentos dos homens e das mulheres com as ideias macabras desses estúpidos falsos deuses.

Caia a chuva da verdade sobre cabeças pensantes, para que as mulheres tenham seus filhos, e eles estejam livres de qualquer ligamento atroz. Desligue o mar de hipocrisia, para que os pescadores possam pescar a verdade. Livres de qualquer perigo. Desligue toda estupidez que está conectada a estas desencaminhadas criaturas [cite-as desembestado, durante um minuto, e pare, porque é gente pra caramba!]. E eu desligo, desalfineto, rasgo, calço e desfaço tudo que esteja se lambuzando em algum poço profundo de minha mente. Não como num passe de mágica, mas gradativamente, amadurecendo, aprendendo a viver minha última infância.

Se necessário for, resgato os monstros que no meu coração se afogam, transformando-os em garimpeiros-ourives a garimpar cascalhos e lapidá-los, criando estátuas que se derreterão ao sol, quando finalmente serão desfeitos todos os males ou maus feitos, feitiços, encantamentos ou superstições, além de destruir as artes diabólicas que fui capaz de realizar de forma inconsciente, descontrolada e irracional, ou aquelas que simplesmente utilizo de forma igualmente alienada.

O reinado do senhor das trevas está chegando ao fim. Vós sereis reconduzido ao trono, ó Deus d’eus: d’eu pecador, d’eu santo, d’eu menino, d’eu adulto, d’eu homem, d’eu mulher, d’eu filho da mãe, d’eu filhinho do papai, d’eu muito macho...

Amém.


Fonte de inspiração: O verdadeiro Livro de São Cipriano)

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Ilustração: APIC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

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