quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Alagoas: petista assassinado, radialista abatido a tiros e o enterro de "Franz Kafka"

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Fernando Soares Campos

Foi assassinado o presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores em Campo Alegre (AL), Genildo Correia Soares, no domingo (29/11). As características do assassinato apontam para mais um dos rotineiros crimes de mando que acontecem em Alagoas. O assassino que abateu Renildo com tiros de pistola ponto 40 chegou à cidade num Palio, identificou a vítima, aproximou-se desta, disparou vários tiros à queima roupa e fugiu do local do crime no veículo de placa fria.

Genildo do PT, como era conhecido, havia denunciado dois vereadores que, nas eleições do ano passado, haviam utilizado a ambulância do município para transportar cimento, que provavelmente seria utilizado como moeda de compra de voto.

O ex-superintendente da Polícia Federal em Alagoas, delegado Pinto de Lula, pré-candidato ao Senado pelo PT, está empenhado na apuração do crime.

Em dezembro de 2007, Pinto de Luna comandou a Operação Taturana. Esta operação conjunta da PF com a Receita Federal foi deflagrada com o cumprimento de 85 mandados de busca e apreensão e 40 mandados de prisão. Entre os detidos e levados para a carceragem da PF estava um ex-governador. A Operação Taturana, que visou desbaratar uma quadrilha de deputados estaduais envolvidos no roubo de R$ 300 milhões dos cofres públicos, culminou com o afastamento de deputados estaduais de seus cargos, os quais o STF mandou de volta à Assembleia, onde se encontram acomodados em suas confortáveis poltronas e entocados nos gabinetes refrigerados, cuidando para que não venham a ser condenados pelo que ainda são acusados.

Os deputados e seus cúmplices foram denunciados por estelionato, formação de quadrilha, crime contra o sistema financeiro, peculato e lavagem de dinheiro.



Modus Operandi da quadrilha:


1º - Os deputados se apropriavam da verba de pessoal do gabinete, mediante o depósito dos valores em conta corrente de "laranjas".

2º - Contraiam, pelos bancos conveniados, empréstimos consignados em nome de falsos servidores, ou servidores sem condição financeira, sendo os valores destinados aos deputados por meio de "laranjas".

3º - Obtenção de empréstimos em consignação pelos próprios deputados, de valores muito elevados, com as parcelas descontadas diretamente da verba de gabinete, nada a ver com as suas remunerações do cargo; o pagamento das prestações eram feitos com as verbas de gabinete, os empréstimos eram muito altos, não havia como levantá-los utilizando a remuneração do deputado.

4º - Comprovação da verba de custeio dos gabinetes com utilização de notas fiscais frias.

5º - Restituições do Imposto de Renda fraudulentas, mediante a inclusão de falsos servidores e a inserção de dados manipulados na declaração de imposto retido na fonte.

Veja essa nota no G1, em 13/07/09:

STF devolve mandato a sete deputados em Alagoas

Parlamentares foram afastados por suspeita de desvios na assembleia.

Ao menos 15 dos 27 deputados da atual legislatura foram indiciados.

Sete deputados estaduais alagoanos afastados do mandato por suspeita de corrupção e investigados pela Operação Taturana devem reassumir nesta terça-feira (14) seus cargos na Assembleia Legislativa de Alagoas. Eles foram beneficiados por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), publicada nesta segunda (13) no Diário Oficial da União.

Antes de viajar para Rússia, Mendes deixou assinada, com data de 6 de julho, a SL-297 (suspensão de liminar), que suspendeu a segunda liminar do juiz Gustavo Souza Lima e devolveu os mandatos aos deputados afastados.

Com isso, serão reconduzidos aos cargos os deputados afastados: Antonio Albuquerque (sem partido), Cícero Ferro (PMN), Marcos Ferreira (PMN), João Beltrão (PMN) Nelito Gomes de Barros (PMN), Dudu Albuquerque (PSB) e Isnaldo Bulhões Junior (PMN). [Grifos meus, mais adiante você verá porque grifei esses dois].

Leia completo:

http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1228304-5601,00.html
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Terça feira passada (01/12) no plenário da Assembleia Legislativa de Alagoas, os dois deputados petistas Judson Cabral e Paulão cobraram agilidade do governo do Estado nas investigações que possam levar aos responsáveis por mais um crime de mando. O caso do Genildo do PT, assassinado em Campos Alegre.

E o deputado Antonio Albuquerque (PTdoB), um dos que foram presos e imediatamente libertados, quando da Operação Taturana (na ocasião ele era presidente da Assembleia), ironizou, falando de outro assassinato em Alagoas: “Naquela oportunidade, o rapaz assassinado em Limoeiro foi vítima de tiros de pistola 40 e os ocupantes estavam em um veículo Pálio de cor verde, da mesma forma como aconteceu em Campo Alegre. É muito estranho. Eu gostaria que os deputados do PT pedissem ao governo um estudo de balística para confirmar essa suspeita de coincidência das características dos crimes”.

Quer dizer, o sujeito não está preocupado em apurar o crime do Genildo, ocorrido no domingo passado, mas de tumultuar. Ri das acusações dos deputados petistas, debocha.

Em Alagoas se mata com muita facilidade. Os pistoleiros usam tabela de preço. Deputados como Albuquerque, acusado, na Justiça (veja, não é à base de boca a boca não, acusado formalmente), de mandar assassinar, assim, ó, na base do “vai lá e derruba esse sujeito”, agora ri. Acho que ele tentou dar a entender que esse caso de que ele fala foi coisa de petista. É o que entendo.

Afastado junto com ele, no caso da Operação Taturana, o deputado Isnaldo Bulhões Junior (PMN) voltou a ocupar o cargo de deputado. Este “Isnaldinho”, acusado de meter a mão-grande em R$ 13 milhões, é filho do casal Renilde Bulhões e Isnaldo Bulhões; ela, atual prefeita de Santana do Ipanema, reeleita para o cargo, e ele, irmão do ex-governador Geraldo Bulhões, é o atual presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), reeleito para o cargo.

Ano passado fui a Alagoas participar da candidatura de meu irmão, Sérgio Campos (PCB), para prefeito de Santana do Ipanema. Esse deputado, o Isnaldinho, teve a petulância de se aproximar de nós, numa mesa de bar, e nos encarrar, fazendo gestos ameaçadores, olhar de "mau", de quem deixa o recado; enquanto seus capangas se divertiam nas proximidades. Mas isso é fichinha. Ameaçar com os olhos não mata.

Vejamos o caso do jovem radialista Jorge Santos, assassinado em frente à sua residência, lá mesmo em Santana do Ipanema.

Jorge era um camarada afobado, desses que soltam palavrões e até agridem fisicamente, como um dia o fez com o meu próprio irmão, o Sérgio Campos, porque este, na condição de chefe de gabinete do ex-prefeito Marcos Davi, não lhe atendeu com a presteza que ele exigia. Mas Jorge, toda a população da cidade sabe, não passava de um brigão.

Acontece que Jorge Santos passou a atacar Renilde Bulhões, mãe desse deputado envolvido na Operação Taturana, o Isnaldinho.

Certo dia, pistoleiros abateram Jorge em frente à sua casa.

Muita gente foi chamada a depor no inquérito; entre esses, meu irmão, que um capacho dos Bulhões se encarregou de denunciar como principal suspeito de ter mandado matar Jorge Santos. Nem o filho de Jorge nem qualquer santanense de bom senso acreditou nisso, pois meu irmão é tido como uma pessoa de paz, de bem.

Estava eu lá em Alagoas, dando palpites na campanha do meu irmão, uma mistura de marqueteiro de botequim e coordenador de campanha.

O vereador Afonso Gaia, um dos raros a fazer oposição aos Bulhões (pagou caro por isso) veio até a casa do meu irmão e nos contou a verdadeira história do assassinato de Jorge Santos. Ele nos disse que o Isnaldinho Bulhões cobrou um favor que havia feito ao deputado Cícero Ferro (acusado de assassinato), e este mandou matar Jorge Santos, em pagamento do favor.

Mas a maior parte dos sujeitos está de volta à Assembléia, ocupando seus cargos e se protegendo contra a Justiça.

Veja essa última notícia que tenho sobre os sujeitos em questão:

Deputado Cícero Ferro volta a ser afastado da ALE

O desembargador Orlando Manso determinou o afastamento do deputado estadual Cícero Ferro (PMN) do cargo na Assembleia Legislativa do Estado. As primeiras informações dão conta que o afastamento atende a um pedido do Ministério Público Estadual em função da acusação de participação no assassinato do vereador por Delmiro Gouveia, Fernando Aldo.

Ferro, que havia retomado seu mandato após mais de um ano afastado por decisão da Justiça devido ao seu indiciamento na operação Taturana da Polícia Federal, deverá ser afastado em 24 horas, conforme determinação do TJ.

O deputado Cícero Ferro recebeu uma intimação de um oficial de justiça com a decisão do TJ, momentos após o encerramento da sessão que não foi realizada por falta de quórum. Ainda surpreso com a decisão, Ferro e outros parlamentares presentes reuniram-se a portas fechadas para discutir o assunto.

O advogado do deputado Cícero Ferro, Welton Roberto, que até então não havia sido informado sobre a decisão, afirmou que logo que se inteirar da decisão ingressará com uma reclamação no Superior Tribunal Federal para garantir seu retorno à ALE.

"O ministro Gilmar Mendes já havia deixado claro que ninguém (juiz, desembargador), pode afastar um parlamentar de seu mandato", disse Roberto.

No dia 04 de agosto o procurador-geral de Justiça, Eduardo Tavares participou de uma reunião com técnicos para estudar o possível afastamento dos quatro deputados, que além da acusação de desvio de R$ 300 milhões da ALE, são acusados de assassinato: Antônio Albuquerque (sem partido), Cícero Ferro (PMN), Marcos Barbosa (PPS) e João Beltrão (PMN).

Informações de bastidores dão conta que os deputados temem que o afastamento de Ferro abra precedentes para o afastamento dos demais.

Ao final da reunião os parlamentares anunciaram uma sessão especial, às 20h, para discutir o assunto.

Alagoas24horas

http://www.correiodopovo-al.com.br/v2/article/Politica/5813/

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Eles são valentes, gostam de matar, estão viciados em matar. Nem são chegados a processar alguém. Sabem que, se, por exemplo, me processassem por ter publicado isso, ficariam apenas de saco cheio; sabem que as minhas acusações não dariam em nada e, em caso de levar à Justiça, apenas tumultuariam um pouco suas infames existências. Preferem mandar matar.

Enquanto estive em Santana do Ipanema, fui ameaçado por telefone e perseguido por uma caminhonete à noite, nas estradas do sertão. Apenas ameaçavam, era período eleitoral, a PF estava na cidade, eles descobriram o QG dos federais.

Depois das eleições, quando eu já havia retornado ao Rio, escrevi essas denúncias e tentei publicá-las no site do PRAVDA, do qual sou colaborador. O editor me pediu desculpas, disse que precisava consultar Moscou (ele trabalha em Lisboa, na edição para a CPLP), pois eu estava acusando sem provas. Eu dei razão a ele, afinal, eu não estava publicando em um jornal irresponsável qualquer. Mesmo assumindo a responsabilidade, mas o jornal não pode se comprometer.

Nessa época este blog estava praticamente desativado, há mais de um ano eu não postava nada. Reativei o blog, troquei o nome de outro blog para Agência Assaz Atroz, criei mais um, o agência assaz atroz (pressa) – redação, e aqui estou. Bom, sem provas, mas disposto a responder a processo e preparado para receber bala, publico isso aí, para o esclarecimento do público.

Mas aviso: eles, se já não possuem, mas podem obter meu endereço com muita facilidade. Afinal, tenho uma filha e um outro irmão (não o Sérgio, que ele não se passa pra isso) nas mãos deles, trabalhando pra eles, a troco de ninharia, por cargos de “confiança” e contratação com o objetivo de lhes servir de cabos eleitorais. Fazer o quê? Isso é problemas deles, de suas consciências.

Essa outra matéria aí embaixo vai a título de ilustração, para que o leitor tenha uma visão mais ampla do que é Alagoas hoje.

Para mim, o título ideal deveria ser: O enterro de Kafka em Alagoas


Sofrimento em vida e na morte. Essa é a triste sina de um jovem alagoano.

Sua culpa?

Ser pobre.

Burocracia: A incrível saga da família que levou quatro dias para enterrar um filho

Jovem, Abrãao Santos de 21 anos foi morto a tiros no sábado em Coruripe

por Angelo Farias


Uma história absurda que mostra desrespeito total ao ser humano foi presenciada pela equipe do Cadaminuto que acompanha a saga da família do jovem Abraão Santos, 21 anos, morto a tiros no sábado em Coruripe.

A família do jovem que passava pela dor de perder um ente presenciou a falta de rabecões no Estado e ao ver terminado o trabalho do Instituto de Criminalística (Que também demorou bastante para chegar deixando o corpo do jovem exposto no local por várias horas) decidiu pagar o transporte do corpo por uma funerária.

Sem ser informado sobre quais procedimentos deveriam fazer, os familiares de Abraão levaram o corpo para Sergipe, onde a maioria da família reside e local de nascimento do rapaz, mas depois do velório o Cemitério não aceitou enterrar o rapaz por conta da falta do documento necessário do IML, já que se tratava de uma vítima de arma de fogo.

Não restou outra alternativa para a família que não fosse retornar no domingo para o IML de Arapiraca para que o procedimento correto fosse adotado,mas ao chegar a instituição a família descobriu que a guia não é liberada no domingo.

A família esperou até a segunda-feira com o corpo do rapaz, mas tiveram outra triste surpresa quando o funcionário do IML disse que não poderia fazer a necropsia, pois a morte do jovem tinha acontecido em Coruripe e a jurisdição seria do IML em Maceió.

Desesperada a família decidiu apelar para a imprensa, o caso ganhou repercussão em Arapiraca e após muita negociação um médico do IML decidiu enfim fazer o procedimento e liberar na noite de ontem o corpo do rapaz, que só deve ser enterrado hoje, se não houver mais problemas.

http://www.cadaminuto.com.br/noticia/2009/12/01/burocracia-a-incrivel-saga-da-familia-que-levou-quatro-dias-para-enterrar-um-filho

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Morte e vida sertaneja

por Sérgio Campos, colaborando com esta Agência Assaz Atroz

Essa triste história acontecida na zona da mata, me fez recordar duas acontecidas no aqui em Santana do Ipanema, sertão alagoano.

Na primeira, um morador teria ido a residência de um desses políticos abutres, que ficam esperando a pobre vítima da miséria, a fim de abatê-lo na hora do voto, na intenção de pedir uma ajuda para poder enterrar seu pai. Não era período eleitoral; como se costuma dizer por aqui, “não era tempo de política”. Já começou pelo mau atendimento na pomposa residência do político, ao mandar dizer que não podia atender naquele momento, mesmo tendo sido avisado que era urgente. Depois de longa espera, veio atender o humilhado eleitor, que informou, cabisbaixo, o acontecido. O pobre coitado esperou pacientemente um tempão para ouvir do cara-de-pau que não tinha dinheiro naquele momento e que só poderia ajudar outro dia.

Daí, mesmo diante do triste momento, o sertanejo ainda encontrou um espaço para o deboche, e pediu um real, o que deixou sujeito curioso, daí ele perguntou: “Para que o senhor quer um real?”. O matuto já de pé, com o chapéu sobre a barriga, disse olhando nos olhos do canalha: “É para salgar o corpo doutor, enquanto eu espero a ajuda”.

O segundo caso é, talvez, ainda mais bizarro e humilhante.

Uma mãe desesperada vai à Câmara de Vereadores, à prefeitura e, por último, depois de ser jogada de um lado para o outro, vai à residência de um vereador que também era secretário do então prefeito. Já sem lágrimas a mãe relata o caso: tinha perdido, por desnutrição, dois filhos gêmeos, e não tinha um centavo para realizar os sepultamentos. O traste, mostrando-se “benevolente”, não se fez de rogado, pra se ver livre daquele problema, assinou a nota e enviou a pobre genitora enlutada para a funerária. Sem saber ler, e ainda traumatizada com o ocorrido, a mãe saiu às pressas em busca dos caixões dos filhos menores, não sem antes agradecer pela "caridade".

A surpresa foi na hora de receber do dono da funerária os pequenos caixões que ela esperava para sepultar os filhos. A nota autorizava apenas um caixão, e recomendava que fosse do tamanho que desse pra enterrar os dois juntos. Depois, procurado para explicar o porquê daquela atitude, o vereador-secretário explicou que era contenção de despesas.
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Sempre que vou a Alagoas, visitar minha mãe, meus irmãos, meus parentes e desfrutar a companhia de amigos, costumam me perguntar: "Fernando, como é que você se arranja com toda aquela violência no Rio?!"

Geralmente respondo: "Bom, eu já informei à turma do crime organizado que sou alagoano".

"Gente da gente!"

Há quem acredite, por isso volto... vivo!

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PressAA

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